A nova adaptação da história de Peter Pan, dirigida por David Lowery (de Meu Amigo, o Dragão) estreia mundialmente no canal Disney+ (TV paga), em 28 de abril, e é o primeiro filme do estúdio americano a ter um ator com síndrome de Down no elenco principal.
Ele é Noah Matthews Matofsky, britânico de 15 anos, que interpreta Slightly, o líder dos Garotos Perdidos, que vivem na Terra do Nunca.
“Foi uma experiência incrível!”, contou ele ao jornal The Sun. “Eu tinha meu próprio trailer e fiz amigos fantásticos. Nós todos aprendemos a lutar com espadas, o que amei”.
Primeiro trabalho
Os produtores do filme queriam incluir um ator com síndrome de Down na história, de forma muito natural, e não tiveram dúvida de que seria Noah, já nas primeiras audições. Seu desempenho e entrega foram impressionantes.
Foi na agência de talentos inclusiva Zebedee, da qual é modelo, que Noah soube que a Disney procurava atores para o casting de um filme e logo enviou um vídeo seu. Foi chamado pelo diretor, que se encantou com ele.
“O Noah e o David conectaram-se devido ao fascínio pelo filme original O Senhor das Moscas, que dá uma sensação semelhante à dos selvagens Meninos Perdidos”, contou Kathryn, sua mãe. “É incrível como este foi o primeiro trabalho de representação do Noah e ele foi escolhido entre dezenas candidatos”.
Em 2021, informado de que o papel era seu, viajou para o Canadá, onde ou seis meses em filmagens: “Tive muitas falas para aprender rapidamente, mas foi emocionante. Gostei muito“, disse ao The Sun.
Sininho de pele e cabelos escuros
Antes de selecionar o ator com síndrome de Down que interpretaria o líder dos garotos da terra onde vive o garoto que não quer crescer, o diretor Lowery já havia escalado a atriz Yara Shahidi (conhecida pela participação em séries como Grown-ish e Black-ish) para o papel da fada Sininho.
No início deste ano, com a divulgação do trailer, a Sininho negra causou protestos de fãs racistas (como aconteceu com a Ariel de A Pequena Sereia (Bob Marshall), interpretada pela cantora e atriz norte-americana Halle Bailey, que também emocionou meninas negras), que se estenderam até março e podem ter novos desdobramentos com a estreia.
O figurino da personagem é o mesmo – vestido verde, coque, asinhas e pozinho de pirlimpimpim -, mas alguns internautas se incomodaram com a cor da pele e dos cabelos da fiel parceira de aventuras de Peter Pan.
Houve quem reclamasse da decisão da Disney, nos últimos tempos, ao trocar a etnia de alguns personagens icônicos de histórias clássicas. Para eles, o estúdio deveria criar novos personagens (certamente secundários, né?) para fazer esse tipo de inclusão, como se a sociedade não fosse diversa naturalmente, mas, sim, manipulada.
Mas cadê Noah?
Iniciativas como esta – que reconhecem a importância e a urgência da diversidade e da representatividade na indústria cinematográfica – certamente incentivam outras produções a incluírem atores com qualquer tipo de deficiência ou etnia.
Noah quer provar que a síndrome de Down não impede a realização de sonhos e objetivos. Mas, ao assistir ao trailer 1 (abaixo), fiquei ressabiada: se Noah interpreta o líder dos Meninos Perdidos e faz parte do elenco principal, como destaca a Disney, porque não aparece nele?
Fotos: Divulgação Disney
