
Por Fabrício Araújo*
A Queda do Céu, filme que leva o mesmo nome do livro escrito pelo xamã Yanomami Davi Kopenawa e o antropólogo francês Bruce Albert – publicado originalmente em francês em 2010 – foi selecionado para estrear na mostra Quinzaine des Cineàstes, paralela ao Festival de Cannes, na França, como anunciado esta semana pela produtora Aruac Filmes.
Criado em 1946, o Festival de Cannes é um dos mais famosos e prestigiados festivais de cinema do mundo. A 77ª edição está marcada para acontecer de 14 a 25 de maio neste ano, mas a data para a primeira exibição de A Queda do Céu ainda deve ser anunciada.

durante o famoso festival de cinema
Foto: divulgação
Dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, o filme é centrado na festa Reahu, ritual funerário e a mais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e, assim, colocá-lo em esquecimento.
“É um filme no qual a câmera não olha só para os Yanomami, mas para nós não indígenas também. E isso sempre foi um fundamento do filme, tanto para mim quanto para Eryk”, explica Gabriela. “Trabalhamos para fazer um filme que expressasse a materialidade onírica de uma relação”.

A partir de três eixos fundamentais do livro (Convite, Diagnóstico e Alerta), o filme apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos Xapiri pë, o trabalho dos xamãs para segurar o céu e curar o mundo das doenças produzidas pelos não indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra.
Lançado em 2010, originalmente em francês, A Queda do Céu: Palavras de um Xamã Yanomami reúne reflexões de Davi Kopenawa contadas a seu amigo Bruce Albert, sobre o contato de seu povo com os não indígenas desde os anos 1960.
“O filme é um diálogo com o livro homônimo de Davi Kopenawa, xamã Yanomami e um dos maiores líderes indígenas do mundo, e Bruce Albert, antropólogo francês. A obra é considerada por muitos especialistas como uma das mais importantes da contemporaneidade”, destaca a Aruac Filmes.
Além da produção da Aruac Filmes, o filme conta com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), co-produção da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Stemal Entertainment com Rai Cinema e produção associada de Les Films d’ici.
Os diretores
Eryck Rocha é natural de Brasília e já disputou a Palma de Ouro de melhor curta-metragem por Quimera em 2004. Além disso, recebeu o L’Œil d’or (Olho de Ouro) de melhor documentário no Festival de Cannes por Cinema Novo, em 2016.
Gabriela Carneiro da Cunha nasceu no Rio de Janeiro e faz sua estreia em direção de cinema com A Queda do Céu. Também é atriz e idealizadora do projeto Margens – sobre Rios, Buiúnas e Vagalumes por meio do qual desenvolveu as peças Guerrilha e Altamira 2042.
Leia também:
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* Texto publicado originalmente no site do Instituto Socioambiental (ISA) em 18/4/2024
Foto (destaque): Daniel Klajmic/Instituto Socioambiental (ISA)