
Texto atualizado em 4/4 para inserir informações sobre o encontro de Angelina Jolie com a ministra Sonia Guajajara.
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Situada no estado do Mato Grosso, no Parque Indígena do Xingu (PIX), a Terra Indígena Capoto-Jarina (que ocupa cerca de 634 mil hectares nos municípios de Peixoto de Azevedo, Santa Cruz do Xingu e São José do Xingu) abriga os povos indígenasMebengôkre (Kayapó) – liderado pelo cacique Raoni -, Metyktire e Tapayuna.
Quarta-feira (2), a aldeia Piaraçu, onde vive Raoni, recebeu a visita da atriz, cineasta e ativista Angelina Jolie, que há décadas se dedica a causas humanitárias e à defesa dosdireitos humanos (especialmente no Camboja), acompanhada de integrantes da organização ambiental Re:wild, fundada por um grupo de cientistas e pelo ator e ativista Leonardo DiCaprio e que se dedica à preservação da biodiversidade e ao apoio de iniciativas voltadas para a sustentabilidade ambiental.
Ela foi recebida por Raoni e outras lideranças do povo Kayapó e conviveu com integrantes da etnia para o aprofundamento em sua cultura e modos de vida. Durante as conversas, declarou seu apoio à proteção da Amazônia e à valorização da cultura indígena.

Durante o tempo que ou na aldeia, Jolie teve oportunidade de conhecer (e compreender) a conexão dos indígenas com a floresta, além de ouvir relatos sobre alguns dos principais desafios enfrentados pelas comunidades, incluindo o avanço do desmatamento, a mineração ilegal e a expansão do agronegócio em suas terras.

Nos últimos anos, a TI Capoto-Jarina tem enfrentado incêndios florestais assustadores que, só no ano ado, consumiram cerca de 11,6% de sua área, destacando a urgência da adoção de medidas eficazes de proteção ambiental.
Jolie também ouviu sobre as ações do Instituto Raoni para prevenção e combate a invasões e a queimadas, que reforçam a importância da vigilância contínua pelos próprios indígenas e do apoio às comunidades por governos, instituições nacionais e internacionais e pessoas influentes.
Em vídeos que circularam pelas redes sociais, é possível ver a atriz participando de rituais de braços dados com mulheres indígenas – cantando e dançando – e sendo pintada com desenhos tradicionais da cultura Kayapó, com jenipapo, por uma das lideranças desse povo.


Outra visita internacional
No mesmo dia em que Angelina Jolie visitou o povo Kayapó e seu grande líder, Perry Farrell, músico e líder da extinta banda de rock alternativo Jane’s Addiction e criador do festival internacional de música Loolapalooza (realizado em São Paulo de 28 a 30/3), também esteve com Raoni.

Foto: Mídia Indígena / Instagram
Farrel participou de rituais na aldeia e se comprometeu a divulgar a luta pela preservação dos territórios indígenas e da valorização de suas culturas.

Angelina e a ministra Sonia Guajajara, em São Paulo
Ontem, em São Paulo, a atriz norte-americana se encontrou com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que declarou em seu Instagram:
“Conheci a atriz e aliada da luta pelo meio ambiente e pelos direitos humanos, Angelia Jolie. Falamos sobre o papel que o mundo pode cumprir no apoio aos povos indígenas brasileiros, a importância da defesa dos territórios demarcados e apresentei algumas iniciativas do poder público brasileiro, como os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs)“.

E Sonia acrescentou: “Angelina também esteve nesta semana com o grande cacique Raoni no Xingu, com quem estarei ao lado do presidente Lula [hoje, dia 4]. Ela teve a oportunidade de conhecer um território indígena e mais da cultura dos povos indígenas no Brasil. Esse é um esforço importante da comunidade internacional de reconhecimento que a sobrevivência e construção de um futuro possível para o mundo a pela luta dos povos indígenas. Agradeço a visita, Angelina. Será sempre bem-vinda no Brasil!.
Lula e Sonia no Xingu
A agenda de Raoni está cheia esta semana. Os próximos a visitá-los (em 4/4) são o presidente Lula e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Os dois se reunirão com o mais conhecido líder indígena do mundo e outras lideranças de povos do Parque Indígena do Xingu (PIX), que ocupa mais de 2,6 milhões de hectares, em zona de transição entre Cerrado e Amazônia, e abriga mais de 5.500 indígenas de diferentes etnias e territórios.
O encontro tem por objetivo discutir temas como mudanças climáticas, segurança alimentar, fortalecimento das culturas indígenas e, principalmente, a demarcação dos territórios. É justamente devido a este tema que as relações entre o governo e lideranças indígenas andam estremecidas. A insatisfação com a demora na demarcação e a falta de apoio do governo contra o marco temporal é clara.
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar essa tese ruralista por 9 x 2 votos, em setembro de 2023, o Congresso aprovou lei sobre o marco temporal. No mês seguinte, Raoni declarou que o presidente não cumpriu suas promessas: impedir que o marco temporal avançasse e criar políticas efetivas de cuidado à saúde indígena.
Para resolver a questão criada com a lei do marco temporal, o ministro Gilmar Mendes – que deu um dos nove votos que derrubaram essa tese esdrúxula e injusta no STF -, liderou audiências de conciliação sobre o marco temporal, que não chegaram a um acordo. O movimento indígena se retirou logo no início do processo e, sem conseguir avançar – claro, não há conciliação possível! – o ministro suspendeu os trabalhos no final de fevereiro.
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Com informações da Mídia Indígena (Instagram: aqui e aqui), G1, Veja, Thiago Dominici/X,
Foto: Maurício Dias / divulgação