
A Bacia do Congo compõe uma das áreas selvagens mais importantes que restam na Terra. Com 200 milhões de hectares, abriga a segunda maior floresta tropical do mundo. Nesse habitat vivem espécies únicas da fauna, algumas que até agora, nunca tinham sido fotografadas em alta-definição, como o gato-dourado-africano (Caracal aurata). O registro só foi possível graças à instalação de armadilhas fotográficas no Parque Nacional de Nouabalé-Ndoki, ao norte do país.
Durante o ano de 2023, o fotógrafo Will Burrard-Lucas, com o apoio da Wildlife Conservation Society (WCS), colocou cinco armadilhas fotográficas em quatro pontos diferentes do parque para tentar capturar flagrantes de alguns de seus moradores, entre eles, os elefantes da floresta e primatas, como gorilas e chimpanzés. Algumas dessas espécies raramente foram avistadas nas últimas décadas e outras são ameaçadas de extinção.
O resultado belíssimo dessa empreitada foi divulgado recentemente pela WCS. “Florestas tropicais não revelam seus segredos facilmente. Você pode ar anos caminhando por essas florestas sem ver muito da extraordinária vida selvagem que vive lá. Você só sabe que ela está lá pelos sinais que ela deixa para trás. É por isso que é tão gratificante ver essas imagens incríveis, para gradualmente revelar alguns desses segredos e entender melhor essas florestas para protegê-las”, diz Emma Stokes, vice-presidente da organização.

Foto: © Will Burrard-Lucas/WCS
Armadilhas fotográficas são usadas como ferramentas de monitoramento em programas de conservação e pesquisas científicas, mas raramente em projetos com o de Burrard-Lucas. “Onde quer que você vá, você tem a sensação de que a vida selvagem espreita fora da sua vista, atrás do véu da vegetação. A captura de câmeras em tal ambiente é incrivelmente emocionante porque você nunca sabe o que vai ar por esses caminhos estreitos na floresta e muitas espécies raramente são vistas”, destaca ele.
Para o profissional, um dos grandes presentes revelado pelas câmeras foi o flagrante do leopardo, na imagem que abre este texto. “Para mim, a emoção máxima é fotografar predadores, e meu sonho era tirar uma foto do predador de topo em Nouabalé-Ndoki: um leopardo. Esses felinos são muito reservados e quase impossíveis de ver na densa floresta tropical”, conta o fotógrafo.
Para selecionar os pontos onde colocaria as armadilhas, ele contou com o conhecimento e a experiência de pesquisadores e rastreadores que estudavam a vida selvagem do parque há anos. “Foi um momento incrível quando voltei para uma câmera e encontrei a foto do leopardo macho mais impressionante que já vi!”

Foto: © Will Burrard-Lucas/WCS
O projeto das armadilhas faz parte do programa de desenvolvimento turístico de Nouabalé-Ndoki, em parceria com a Kamba Africa e com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), aquele que o presidente Donald Trump e Elon Musk fecharam há poucos dias.

Foto: © Will Burrard-Lucas/WCS
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Foto de abertura: © Will Burrard-Lucas/WCS