
Só pode se proteger aquilo que se conhece. A frase é uma das grandes máximas da conservação. Afinal, como órgãos públicos podem, por exemplo, permitir a exploração de uma área, mesmo que de forma sustentável, se não há conhecimento sobre que animais e plantas existem ali? Por isso é tão importante a localização e a descrição de novas espécies da fauna e da flora pela ciência, e se houver necessidade, o planejamento de estratégias de proteção para elas.
Pois um grupo de pesquisadores internacionais acaba de publicar um estudo revelando que há 33 áreas no mundo, onde há ainda milhares de espécies de plantas provavelmente desconhecidas pela ciência. Nesses chamados “dark spots”, a diversidade seria muito maior do que em outras regiões do planeta. “Identificar e compreender as deficiências de conhecimento taxonômico e geográfico é essencial para priorizar futuros esforços de coleta e conservação”, afirmam os botânicos na artigo divulgado na publicação New Phytologist.
Segundo a análise, liderada pelos botânicos pelo Royal Botanic Gardens, Kew, do Reino Unido, dessas 33 áreas que abrigam potencialmente milhares de novas plantas, 14 (44%) estão na Ásia. Além delas, há oito na América do Sul, duas na África e uma na América do Norte.

botânica, entre elas está o Sudeste do Brasil
Fonte: Royal Botanic Gardens, Kew
Para os pesquisadores seis países devem ser priorizados para novos estudos botânicos: Colômbia, Myanmar, Nova Guinea, Peru, Filipinas e Turquia. No Brasil, a região onde o estudo aponta como sendo a com a maior diversidade de espécies da flora desconhecidas é a Sudeste.
Os cientistas lembram que, três em quatro das espécies ainda não descritas, podem estar ameaçadas de extinção. O alerta é feito semanas antes do início da COP16, a Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade, a ser realizada na Colômbia.
“Os recursos para realizar novas expedições botânicas ou digitalizar coleções existentes são limitados, então priorizar os esforços de coleta é vital. Nosso estudo fornece uma estrutura flexível para ajudar a acelerar a documentação da diversidade global de plantas para o planejamento de ações de conservação. Saber onde há mais espécies que continuam sem nome e sem mapeamento, das quais muitas provavelmente estão ameaçadas, é necessário para que possamos atingir as metas de 2030 do Global Biodiversity Framework“, diz Samuel Pironon, principal autor do artigo.
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação do Royal Botanic Gardens, Kew
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Foto de abertura: M. Diaz Granados/RBG Kew