
O guigó-da-caatinga (Callicebus barbarabrownae), à direita acima, e o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), na esquerda, estão entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo e as que mais precisam de ações para a sua conservação. O alerta faz parte do relatório “Primates in Peril – The World’s 25 Most Endangered Primates”, elaborado pelo Grupo de Especialistas em Primatas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e pela Sociedade Internacional de Primatologia, com o apoio da organização Re:wild.
Uma nova versão da lista, que é atualizada a cada dois anos, acaba de ser divulgada, e aponta que mais de 60% desses animais correm o risco de serem extintos.
Segundo o levantamento, 15 espécies de primatas agora listadas não apareciam no monitoramento realizado em 2022 – 2023 e oito delas já figuram entre as 25 mais ameaçadas globalmente. Entre as que causam maior preocupação seis estão África, quatro em Madagascar, nove na Ásia e seis nos Neotrópicos (áreas de florestas tropicais nas Américas, incluindo o Brasil).
Na edição anterior da lista da IUCN, quatro macacos brasileiros estavam entre os 25 mais ameaçados do planeta. Eles não são os mesmos citados agora, mas durante a apresentação do novo levantamento, os especialistas explicaram que “As alterações em comparação com a lista anterior (2022-2023) não se devem à melhoria da situação das 15 espécies que foram descartadas. Em alguns casos, a situação delas, de fato, piorou. Ao fazer essas alterações, pretendemos, em vez disso, destacar outras espécies intimamente relacionadas que enfrentam perspectivas igualmente sombrias de sobrevivência.“
O guiguó-da-caatinga é observado apenas nos estados de Sergipe e da Bahia, mas sofre com o avanço da agropecuária e da expansão urbana sobre áreas de floresta. Ele está em risco crítico de extinção.
Sauim-de-coleira ganha reserva de proteção
Listado entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo, o sauim-de-coleira pode ser encontrado apenas em uma pequena área do estado do Amazonas. A espécie é classificada como criticamente em risco de extinção, ou seja, um estágio antes de desaparecer por completo da vida selvagem, segundo a Lista Vermelha da IUCN. Entre as principais ameaças à espécie estão o desmatamento e a expansão urbana, predadores domésticos (cães), poluição de ambientes e o tráfico de animais silvestres.
Em 2024, entretanto, depois de vários anos de negociação, esse macaquinho, que não pesa mais do que 500 gramas e apresenta o rosto negro e uma pelagem bicolor, metade marrom e metade branca, na região do pescoço (por isso o nome, coleira), ganhou uma área de proteção para garantir a sua sobrevivência.
O Refúgio de Vida Silvestre do Sauim-de-Coleira foi criado pelo governo federal, uma unidade de conservação, com 15,3 mil hectares, no município de Itacoatiara, no Amazonas.

Programas de reprodução em cativeiro são importantes para garantir a segurança genética da espécie
Foto: Agência Brasília from Brasília, Brasil, CC BY 2.0 via Wikimedia Commons
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Fotos de abertura: Whaldener Endo, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons (sauim-de-coleira, na esquerda) e Cristine Prates/IUCN (guiguó-da-caatinga, na direita)