
Em 2016, uma lontra filhote foi encontrada sob a Ponte Hercílio Luiz, em Florianópolis (SC), tentando mamar no corpo da mãe sem vida. Mais tarde, a necropsia revelou que a fêmea morreu por traumatismo craniano, em decorrência de agressões.
Apesar da tragédia, Nanã, como foi batizada a filhote, cresceu bem e saudável, graças aos cuidados recebidos pela equipe do Projeto Lontra*, uma iniciativa do Instituto Ekko Brasil (IEB), que desenvolve atividades de pesquisa e educação ambiental na capital catarinense.
Em 2024, Nanã deu à luz a um casal de filhotes, um macho e uma fêmea, que receberam os nomes de Caiçara e Aruanã. Os dois são frutos do acasalamento com Lucky, entregue voluntariamente para um zoológico e, posteriormente, encaminhado ao projeto.

Foto: divulgação Projeto Lontra
Desde que nasceram, Caiçara e Aruanã foram sendo preparados para a introdução na vida selvagem – o casal ficou sob os cuidados da mãe, mas a presença humana foi evitada, ao máximo possível.
Em oito anos, 14 filhotes já tinham nascido sob os cuidados do Projeto Lontra, mas até então, nenhum deles havia sido solto na natureza. Contudo, com a publicação pelos órgãos ambientais, no ano ado, do Plano de Manejo da Lagoa do Peri, localizada dentro de uma unidade de conservação no sul da ilha, e todas as autorizações necessárias obtidas, chegou a hora de dar o o tão esperado: a soltura dos gêmeos ali!

Foto: divulgação Projeto Lontra
Há poucos dias, os filhotes, que têm oito meses, fizeram uma breve viagem e puderam, pela primeira vez, nadar em liberdade. “Essa é uma oportunidade de transformar histórias de sofrimento em esperança para a biodiversidade”, celebra Marcelo Tosatti, presidente do IEB e gerente istrativo do Projeto Lontra.
A partir de agora, o monitoramento de Aruanã e Caiçara será feito por meio de armadilhas fotográficas instaladas nas tocas ao longo da lagoa. Estima-se que vivam ali entre 4 a 10 indivíduos da espécie.
“Na região já foram mapeadas sete tocas habitadas por lontras. O acompanhamento também se estenderá aos corredores ecológicos que conectam fragmentos de vegetação nativa e garantem o fluxo da fauna e flora locais”, revela a equipe do Projeto Lontra.

Foto: divulgação Projeto Lontra
Assim como outras espécies de lontras, a Lontra longicaudis é um mamífero semiaquático. Chamadas de lontra-neotropical, lobinho-de-rio e lontrinha, elas medem entre 50 e 90 cm de comprimento, com uma cauda que pode alcançar até 70 cm. Possuem o corpo alongado, patas curtas e membranas interdigitais que facilitam a natação. Ágeis e curiosas, am grande parte do tempo nadando e caçando.
As lontras fazem parte da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que aponta espécies da flora e fauna em risco de extinção. Entre suas principais ameaças estão perda de habitat, poluição dos rios, caça ilegal e tráfico de animais silvestres.
*O Projeto Lontra conta com o apoio técnico e financeiro do Grupo Oceanic
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Foto de abertura: divulgação Projeto Lontra