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Chimpanzés usam plantas medicinais para tratar os próprios ferimentos e de outros membros do grupo

Chimpanzés usam plantas medicinais para tratar os próprios ferimentos e de outros membros do grupo

Muitos são os animais que buscam na própria natureza medicamentos para tratar feridas e doenças. E há algum tempo cientistas têm percebido que entre os chimpanzés essa prática é bastante disseminada. Em 2022, por exemplo, pesquisadores fizeram registros inéditos desses primatas colocando insetos em ferimentos de outros membros do grupo, em um parque no Gabão.

Agora, em um novo registro desse tipo de comportamento, dois grupos de chimpanzés na Floresta de Budongo, em Uganda, também foram observados utilizando alternativas médicas naturais não apenas para si mesmos, mas para os demais membros do grupo.

Durante quatro meses, os pesquisadores da Universidade de Oxford, do Reino Unido, monitoraram indivíduos das famílias Sonso e Waibira. Nesse período, foram observadas 41 intercorrências em que animais precisaram “ser tratados” por seus pares, a grande maioria delas após brigas.

“O tratamento de feridas em chimpanzés abrange várias técnicas: lambida direta da ferida, que remove resíduos e potencialmente aplica compostos antimicrobianos na saliva; lambida dos dedos seguida de compressão da ferida; aplicação de folhas; e mastigação de materiais vegetais e aplicação direta nas feridas”, explica a pesquisadora Elodie Freymann.

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A análise das folhas, resinas e cascas de árvores usadas pelos chimpanzés revelou que elas continham compostos antimicrobianos e bioativos. Coincidentemente – ou não -, muitos moradores locais também buscam as mesmas plantas.

Para Elodie, essas informações podem esclarecer como nossos ancestrais começaram a tratar feridas e a usar medicamentos naturais.

“Nossa pesquisa ajuda a trazer luz sobre as raízes evolutivas da medicina humana e dos sistemas de saúde”, diz ela. “Ao documentar como os chimpanzés identificam e utilizam plantas medicinais e prestam cuidados a outros indivíduos, obtemos insights sobre os fundamentos cognitivos e sociais dos comportamentos humanos em relação à saúde.”

De acordo com as observações feitas pelos cientistas, os cuidados entre os diferentes membros do grupo não pareciam seguir uma ordem de “preferência”, seja a um sexo distinto ou faixa etária específica. Em quatro ocasiões, o atendimento foi prestado a indivíduos geneticamente não relacionados.

“Esses comportamentos se somam às evidências de outros locais de que os chimpanzés parecem reconhecer a necessidade ou o sofrimento nos outros e tomam medidas deliberadas para aliviá-los, mesmo quando não há vantagem genética direta”, destaca Elodie.

O artigo completo, em inglês, com a descrição do estudo, publicado no jornal Frontiers in Ecology and Evolution, você encontra neste link.

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Foto de abertura: Elodie Freymann

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