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China lança campanha para reduzir em 50% o consumo de carne vermelha

criança comendo carne na china

O governo chinês, juntamente com oficiais de saúde, lançou esta semana uma campanha para incentivar as pessoas a comerem menos carne. O objetivo é uma redução de 50% – percentual recomendado pelo novo guia alimentar nacional da China, atualizado recentemente. Com apoio da Sociedade Chinesa de Nutrição e da organização 5 To Do Today, a campanha conta com o apoio de um relatório sobre o tema e um filmete (que você pode assistir no final deste post) com participação do diretor James Cameron, do ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger e da atriz mais famosa da China, Li Bingbing.

As novas diretrizes alimentares da China representam uma grande ruptura com as tendências de alimentação em todo o mundo. O consumo global de carne deverá aumentar 76% até 2050, impulsionado principalmente pelas economias em desenvolvimento. Se os padrões de consumo continuarem nesse ritmo, a China será a maior fonte desse aumento da demanda. Ela é hoje responsável por 28% do consumo de carne e produtos lácteos e metade da carne de porco do mundo. Desde 1978, o consumo de carne na China aumentou seis vezes.

Apesar dos altos níveis de consumo de carne, 83% dos cidadãos da China estão dispostos a comer menos carne. O consumo excessivo de produtos de origem animal, como carnes processadas, está associado à obesidade e um aumento do risco de contrair doenças cardíacas e diabetes tipo 2. “O consumo excessivo de carne (…) vai impor efeitos adversos sobre o nosso corpo, afetando a nossa saúde no longo prazo”, disse Yuexin Yang, presidente da Sociedade Chinesa de Nutrição.

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O consumo de carne é também uma das principais causas do aquecimento global: as emissões da pecuária representam 14,5% do total das emissões de gases estufa do mundo, o equivalente ao combustível queimado por todos os veículos de transporte do mundo. No Brasil, em 2014, a pecuária respondeu por quase metade das emissões nacionais (1,56 bilhão de toneladas, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima) – seja pelas emissões diretas do rebanho, seja pelas emissões por desmatamento, praticado sobretudo para a criação de gado.

As diretrizes de redução no consumo de carne anunciadas pelo Ministério da Saúde da República Popular da China, destinam-se a melhorar a saúde pública, e também a ter um impacto significativo sobre o clima. Se forem seguidas, as emissões podem cair significativamente – de 6% das emissões chinesas, ou 1,5% das emissões globais, segundo o relatório da 5 To Do Today.

“Esta iniciativa da China para cortar pela metade o consumo de carne pode não só ter um grande impacto sobre a saúde pública, como também ser um o enorme no sentido de liderar uma redução drástica nas emissões de carbono para atingirmos os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris”, destacou James Cameron, diretor de sucessos como Avatar e Titanic. “A pecuária emite mais do que todos os transportes combinados. Reduzir a demanda por alimentos de origem animal é essencial se quisermos limitar o aquecimento global abaixo de  2° C, tal como acordado na COP21″.

“Por meio desse tipo de mudança de estilo de vida, espera-se que a pecuária irá se transformar e as emissões de carbono serão reduzidas”, disse Li Junfeng, diretor-geral do Centro Nacional de Estratégia de Mudanças Climáticas e Cooperação Internacional. “Combater as alterações climáticas envolve julgamento científico, decisões políticas, o apoio do setor empresarial, mas, também, o envolvimento do público em geral para mudar o comportamento de consumo na China. Cada um de nós tem de acreditar no conceito de baixo carbono e lentamente se adaptar a ele”.

De acordo com o “think-tank” britânico Chatham House e a pesquisa publicada na revista PNAS, o nível atual de consumo de carne em todo o mundo não é sustentável e tem um tremendo impacto sobre a saúde da sociedade e do meio ambiente. Estudos mostram que é um uso altamente ineficiente da terra e da água e favorece o desmatamento e a perda de biodiversidade.

Agora, assista ao vídeo com os bastidores da campanha com James Cameron e Arnold Schwarzenegger, em inglês:


*Texto originalmente publicado no site do Observatório do Clima, em 22/6/2016

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Foto: l@mie/creative commons/flickr

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