A fiscalização e ações de comando e controle na região amazônica começam a retornar após o fim do governo anterior, que registou recorde após recorde de desmatamento. O incentivo ao garimpo em áreas da Amazônia fomentou o crime organizado e promoveu a tragédia que abateu os Yanomamis no norte do país.
A força tarefa montada para estancar o garimpo, o retorno das atividades de fiscalização ambiental e a ajuda humanitária aos Yanomamis são fundamentais para a Amazônia, para o país e o mundo. É preciso preservar e conservar a floresta, fundamental para o regime de chuvas de todo o país e para a questão da mudança climática.
A legislação ambiental construída do Brasil é, sem dúvida, muito sofisticada e, uma vez cumprida, muito potente no combate ao desmatamento. Essa construção, que contou com a participação intensa da sociedade civil, foi responsável por alçar o país ao protagonismo ambiental por muito tempo.
Perdido nos últimos quatro anos, esse protagonismo volta, aos poucos, a se desenhar e a ser reconhecido internacionalmente. Basta ver as sinalizações recentes do governo alemão e do governo norueguês, com a retomada do Fundo Amazônia.
Ao mesmo tempo, é importante impulsionar o desenvolvimento de uma nova economia, que gere trabalho e renda para as populações amazônidas mantendo a floresta de pé e recuperando áreas degradadas.
Esse movimento, embora não tenha acompanhado a construção de nossa legislação ambiental robusta, já acontece na região com a atuação de negócios que propõem soluções de impacto positivo para a Amazônia. E deve ser ampliado com o fomento à bioeconomia.
Negócios de impacto positivo na floresta
Já escrevi aqui, no Conexão Planeta, sobre negócios de impacto que atuam na Amazônia – aqueles que, para além do lucro, têm em seus objetivos gerar impactos ambientais e/ou sociais positivos para a região.
Hoje, quero apresentar mais cinco para ficarmos de olho em 2023. São negócios que apresentam soluções diversificadas, em diferentes áreas, para potencializar a economia da floresta.
Juntos, eles têm potencial de impacto aproximado, entre cinco e dez anos, de mais de um milhão de hectares de floresta preservados, desenvolvimento de mais de 15 cadeias de valor amazônicas, recuperação de dois mil hectares de florestas, beneficiamento de centenas de fornecedores comunitários e aumento no fluxo de investimentos na região em R$ 50 milhões.
Conheci os empreendedores e empreendedoras por trás desses negócios, no fim do ano ado, em Iranduba, no Amazonas. Eles foram selecionados para aceleração e investimento ao longo de 2023 pela AMAZ aceleradora de impacto, o que deve contribuir para seu crescimento e impacto positivo.
Cinco negócios para ficar de olho em 2023
Cumbaru
Sediado em Cuiabá (MT), trabalha com a recuperação de pastagens degradadas por meio da implantação de sistemas agrossilvipastoris e manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade. Tem foco em três cadeias principais: castanha Baru, bezerro de corte e produção de leite. Atua em parceria com pequenos e médios produtores rurais, viabilizando o a recursos e assistência técnica para maior eficiência produtiva de áreas degradadas e redução da pressão do desmatamento.
Ekilibre Amazônia
Sediada em Santarém (PA), é uma marca vegana de cosméticos naturais, com 10 anos no mercado, pautada na valorização da floresta em pé. Seus produtos contêm cerca de 90-96% de insumos florestais, extraídos de forma sustentável por comunidades do Oeste do Pará.
Impacta Finance
Sediada em Jundiaí (SP), é uma startup de soluções disruptivas focadas em acelerar a economia 3D (digital, descentralizada e descarbonizada) por meio da tecnologia blockchain. A empresa desenha projetos em web3 para que negócios de impacto transformem suas intervenções socioambientais em ativos digitais, que podem ser expostos a investidores globais através de um índice de finanças regenerativas.
Manawara
Sediada em Manaus (AM), é uma marca de doces veganos, sem glúten e sem lactose, produzidos a partir de matérias-primas amazônicas. Conta com um portfólio de balas de goma, biscoitos, cereais e castanhas. Sua estratégia é de crescimento rápido para os próximos anos, que conta com uma estruturação de fornecedores de matéria prima a partir da produção agroflorestal e extrativista.
Mazô Maná
Sediada em Altamira (PA), tem como proposta a produção e comercialização de alimentos funcionais com insumos oriundos do extrativismo sustentável e comunitário na Amazônia, com foco no mercado nacional e exportação. O modelo de negócio conta, também, com o desenvolvimento de plataforma de pagamentos por serviços ambientais.
Foto.(destaque): Sebastien Goldberg/Unsplash