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Descoberta uma nova espécie de imbaúba na Amazônia: a Cecropia manauara

Descoberta uma nova espécie de imbaúba na Amazônia: a Cecropia manauara

A biodiversidade da Amazônia tem uma nova representante. Uma nova espécie do gênero Cecropia, que reúne árvores chamadas localmente de imbaúba ou imbaubeira, foi identificada em Manaus. Batizada de Cecropia manauara, é a décima espécie do gênero identificada na Amazônia Central e está descrita em artigo publicado na revista Acta Botanica Brasilica nesta sexta (28). O trabalho envolveu pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo (IPA) e instituições parceiras.

A equipe avaliou o status de conservação da Cecropia manauara seguindo os critérios da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). A raridade dessa nova espécie pode estar ligada à sua baixa densidade populacional e ao fato de crescer em regiões de rápida urbanização. Além disso, o o limitado por estradas pode ter dificultado seu registro em outras localidades.

A descoberta foi realizada durante um levantamento das espécies de imbaúbas em Manaus conduzido por Daniel Praia Portela de Aguiar, agente técnico-engenheiro florestal do Ministério Público do Estado do Amazonas, para a produção de um guia de identificação das espécies do gênero Cecropia da cidade.

Entre os exemplares coletados, um indivíduo chamou a atenção por apresentar um conjunto de características que não se encaixavam em nenhum táxon descrito. “Quando iniciamos a coleta de materiais para o livro não tínhamos a pretensão de descobrir espécies novas, pois acreditávamos que as imbaúbas, por serem árvores bastante comuns e relativamente fáceis de serem adas, já eram bem delimitadas na literatura”, conta Praia.

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Para confirmar a C. manauara como uma nova espécie, os cientistas usaram um método taxonômico integrativo, analisando cerca de 5.750 amostras de Cecropia em herbários e realizando expedições de campo em trechos de floresta nativa na região de Manaus entre 2018 e 2021. As amostras foram comparadas com espécies conhecidas, considerando características como folhas, flores, indumento (presença de pelinhos) e frutos. Além disso, foram realizadas análises genéticas para comparar o DNA da planta com outras espécies próximas. A confirmação veio com o sequenciamento molecular conduzido em São Paulo por André Gaglioti, do IPA.

Descoberta uma nova espécie de imbaúba na Amazônia: a Cecropia manauara
Nova espécie, batizada de Cecropia manauara, é a décima do gênero Cecropia identificada
na Amazônia Central
Foto: Daniel Praia Portela de Aguiar / acervo pesquisadores

O achado é ainda mais significativo considerando que a última espécie de imbaúba foi descrita há mais de duas décadas, em 2002, nos Andes Peruanos. Além da Cecropia manauara, mais duas novas espécies de Cecropia foram identificadas durante o levantamento e estão em processo de descrição taxonômica.

A nova espécie é uma imbaúba de 10 a 20 metros de altura, folhas grandes chegando a até 55 centímetros de largura e divididas em oito a nove segmentos que se abrem como uma mão, característico do gênero. Com relação à morfologia, Praia explica que a C. manauara não tem uma característica que se destoa das demais. Mas, ao olhar para o conjunto é possível perceber que ela forma um padrão que não se encaixa perfeitamente em nenhuma outra espécie da região. Ou seja, cada pedaço da C. manauara pode ser encontrado em outras imbaúbas – mas quando combinados, tornam a espécie única.

Embora apenas duas amostras tenham sido coletadas dentro de áreas protegidas, outras reservas podem ser fundamentais para sua conservação. “A descoberta de C. manauara ressalta a urgência de conservação dos fragmentos de floresta nativa encontrados em área urbana assim como a formação de mais especialistas em Cecropia. Esperamos que a publicação dessa nova espécie contribua para despertar o interesse e valorização do gênero”, finaliza Praia.

Descoberta uma nova espécie de imbaúba na Amazônia: a Cecropia manauara
Sequenciamento molecular confirmou que espécie era geneticamente distinta; última nova espécie do gênero foi descrita há mais de 20 anos
Foto: Daniel Praia Portela de Aguiar / acervo pesquisadores

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*Texto publicado originalmente pela Agência Bori em 28/03/25

Foto de abertura: Daniel Praia Portela de Aguiar / acervo pesquisadores

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