
Foi divulgado nesta quarta-feira (12/06) o resultado do mais recente censo sobre a diminuta população de vaquitas (Phocoena sinus) existente numa pequena área do Golfo da Califórnia, no México. Infelizmente, as notícias não são boas. Segundo a organização Sea Shepherd, que fez parte do levantamento, o número atual desse, que é considerado o mamífero marinho mais ameaçado do mundo, beira entre seis e oito indivíduos.
Em 2023, o censo já havia demonstrado que a espécie está à beira da extinção: a estimativa era de que restavam entre oito e treze vaquitas. Este ano, houve uma queda ainda maior nos animais avistados e nenhum sinal de um filhote nascido.
“Embora esses resultados sejam preocupantes, a área pesquisada representa apenas 12% do total onde as vaquitas foram observadas em 2015. Como as elas se movimentam livremente dentro do Refúgio Vaquita, devemos ampliar o levantamento usando detecção acústica para determinar para onde as elas estão indo”, afirma Barbara Taylor, pesquisadora chefe do levantamento.
O censo 2024 foi realizado entre os dias 5 e 26 de maio, numa região ao norte do Golfo da Califórnia.
Com cerca de 1,5 metro de comprimento, as vaquitas são os menores cetáceos e mamíferos aquáticos do planeta. Uma de suas principais características é ter um anel de cor preta em volta dos olhos e manchas escuras ao redor da boca. Também chamadas de botos-do-pacífico, são uma espécie de golfinho.
O declínio de mais de 99% da população na última década foi provocado por redes ilegais de pesca, nas quais elas acabam ficando presas e morrendo.
Mesmo tendo sido proibidas permanentemente pelo governo do México, em 2017, as redes de emalhar ainda são utilizadas pelos pescadores para capturar o também em risco de extinção peixe totoaba, nativo da região, e vendido para o mercado negro chinês por preços altíssimos, devido a seus supostos “poderes afrodisíacos”.
Como os demais cetáceos, a vaquita precisa ir à tona, respirar na superfície, e enroscada nas cordas, morre afogada.
Apesar da pressão internacional e de organizações de proteção animal para que o governo mexicano intensifique a fiscalização e seja mais ativo para tentar salvar as últimas vaquitas sobreviventes, parece que pouco tem sido feito.
Vaquitas, solitárias e tímidas
As vaquitas são frequentemente observadas sozinhas ou em pares. Tímidas, são difíceis de avistar por causa de seu tamanho pequeno, movimentos discretos e lentos e por evitarem áreas com embarcações motorizadas. Elas se alimentam de pequenos peixes, crustáceos (como camarão) e cefalópodes (como lulas e polvos).
A espécie tem a menor área geográfica de qualquer mamífero marinho. A maioria delas é encontrada ao leste da cidade de San Felipe, onde está também o Delta da Reserva da Biosfera do Rio Colorado, um dos habitats aquáticos mais diversos do planeta. O delta inclui muitos tipos de peixes, pássaros, répteis e mamíferos marinhos.

Além de ser menor do que outras espécies de golfinho, a vaquita possui um anel escuro em volta dos olhos
Foto: NOAA
Estima-se que a expectativa de vida das vaquitas seja de aproximadamente 20 anos. Atingem a maturidade sexual entre os 3 e 6 anos de idade. A gestação dura cerca de 10 a 11 meses e acredita-se que as fêmeas dão à luz a cada dois anos a um único filhote.
*Texto acima traduzido da NOAA Fisheries
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Foto de abertura: NOAA