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Flagrante de Valente, do fotógrafo Fernando Faciole, é finalista de prêmio internacional de fotografia, também no voto popular 

Flagrante de Valente, do fotógrafo Fernando Faciole, é finalista de prêmio internacional de fotografia, também na votação popular 

No ano ado, o fotógrafo de conservação Fernando Faciole conquistou o Prêmio do Público no Environmental Photography Awardprestigiado concurso internacional organizado pela Fondation Prince Albert II de Monacoque celebra a fotografia como ferramenta de conscientização ambiental e poderosa aliada na luta pela preservação do planeta.

O flagrante que Faciole registrou durante soltura de um tamanduá-bandeira fêmea (foto abaixo), realizada pelos pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) numa noite chuvosa no Cerrado, rendeu o reconhecimento do público e o segundo lugar na categoria Change Makers: Reasons for Hope (Agentes de Mudança: Razões para Esperança, em tradução livre), ficando entre as imagens mais impactantes de 2024 (contamos aqui).

O flagrante que Faciole registrou durante soltura de um tamanduá-bandeira fêmea numa noite chuvosa no Cerrado, rendeu o reconhecimento do público e o segundo lugar na categoria Change Makers, no concurso de Mônaco em 2024
Imagem premiada em 2024 no mesmo concurso
Foto: Fernando Faciole

Este ano, o brasileiro está novamente entre os finalistas do prêmio – que recebeu quase 10 mil inscrições! –, com três poderosas imagens que destacam a conservação de animais silvestres no país.

A primeira foi feita durante as queimadas no Pantanal e mostra a anta Valente em processo de reabilitação pelos pesquisadores do Onçafari, na base na Fazenda Caiman (foto de destaque deste post; contamos sua história aqui); a segunda, simboliza o trabalho de conservação com o tatu-canastra realizado pelo Projeto Tatu-Canastra do ICAS, também no Pantanal; e a terceira apresenta um momento especial de reabilitação de um tamanduá-bandeira no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) em Belo Horizonte. 

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Com estes belos e emocionantes registros (que você conhece melhor, adiante), Faciole disputa não só a categoria Change Makers como, também, o prêmio do público. 

Os vencedores das cinco categorias (Polar Wonders, Into The Forest, Ocean Worlds, Humanity Versus Nature e Change Makers: Reasons for Hope) – são 36 finalistas ao todo – serão escolhidos por um júri internacional de excelência, presidido por Ami Vitale (a única mulher, sobre a qual já falamos aqui) e composto também por profissionais de renome como Emanuele Biggi, Aaron Gekoski, Tom Gilks, Ralph Pace, Audun RikardsenJaime Rojo

Na votação do público (o link é este) – que começou hoje e vai até 13 de abril – disputam todas as imagens finalistas, entre elas as três fotos de Faciole. No entanto, ele revela que prefere que os votos dos brasileiros sejam concentrados na foto do Valente, em homenagem ao Pantanal. “Ele é um símbolo de resistência e esperança diante das tragédias ambientais que assolam o bioma Pantanal todos os anos”, justifica.

“Símbolo da tragédia e da esperança”

A bióloga Lilian Elaine Rampim, coordenadora do Onçafari na base Caiman-Pantanal, onde o Valente se recupera, também fala sobre a importância do flagrante do trabalho realizado por Faciole com a equipe de biólogos e veterinários e da participação no concurso.

“A importância dessa foto do Fernando para o Onçafari – que é esta organização que faz um trabalho de formiguinha, a gente acaba trabalhando no escuro -, é justamente dar voz, trazer visibilidade para o fato de que o Pantanal pega fogo e que diversas medidas devem ser tomadas, urgente!”.

“O Valente não é apenas um sobrevivente do fogo e um cara muito sortudo, ele é um símbolo de resiliência. Sofreu o incêndio e está se recuperando e, assim, dá voz ao bioma, ele é uma bandeira. Ele é o símbolo da tragédia – do que pode acontecer quando o bioma é descuidado e pega fogo – e, ao mesmo tempo, é um símbolo de esperança“. E acrescenta: “Valente está em fase final de recuperação e, em breve (não está definida a data ainda), ele vai voltar para a natureza e a voltar a caminhar no solo seguro deste bioma chamado Pantanal”.

Lilian ainda destaca que muitos foram os animais que morreram, mas muitos foram os resgatados com vida, mas em condições precárias, como Valente. “Ele não só caminhou sobre brasas como atravessou fogo vívido e teve queimaduras de segundo grau nas quatro patas. Lembrando que Valente é um animal quadrúpede de 120 quilos, ou seja, ele distribuiu esses 120 quilos nos quatro membros queimados, com muita dor. Também queimou orelhas e vibrissas (bigodes) e se encontrava em condição de quase desistência, mesmo”, conta a bióloga.

As equipes do Onçafari e da Caiman se juntaram pra resgatar Valente e, por muitos meses, se dedicaram a acompanhá-lo e tratá-lo, o que envolveu a completa sedação do animal pra que a pele morta fosse removida e a nova estimulada a crescer. “E, quando eu falo pele, falo em pele e casco porque a anta tem cascos também. Então, esse processo exigia muito da equipe, e o Fernando estava lá para registrar esses momentos difíceis e marcantes”.

E finaliza: “A gente estava lá focado 100% no animal e para fazer cada operação o mais rápido possível pra que Valente não ficasse anestesiado por muito tempo, fazendo a troca de curativos (as botinhas), que dá pra ver na foto, removia pele morta – que é um processo complicado e doloroso. Tem que ter estômago muito forte pra aguentar e o Fernando teve porque o cheiro de decomposição é terrível. E é preciso colocar diversos medicamentos e aplicar laserterapia, ozonioterapia e também a pele de tilápia – que estimula o nascimento e o crescimento de uma pele nova – e esse processo foi intenso e feito ao longo de meses, uma vez por semana. E o Fernando conseguiu registrar isso pra gente, o que foi muito especial”.

Para votar no flagrante de Valente, clique aqui. Os vencedores serão anunciados em 6 de junho. Boa sorte, Fernando Faciole!

cerimônia oficial de premiação acontecerá em Mônaco, em data que ainda será marcada, onde será inaugurada exposição com as 36 finalistas. A mostra seguirá em turnê internacional por vários países e também será eternizada em livro bilíngue.

A seguir, conheça as três imagens inscritas pelo brasileiro e um pouco de suas histórias contadas no site do concurso:

After the Flames, Hope (Após as Chamas, Esperança)

After the Flames, Hope - Foto Fernando Faciole
Foto: Fernando Faciole

Esta anta (Tapirus terrestris) se chama Valente, que significa ‘corajoso/a’ em português. Ele foi resgatado no Pantanal com queimaduras graves nas quatro patas e nas orelhas, incapaz de se mover. O macho, de aproximadamente um ano de idade, foi salvo pela equipe do projeto Onçafari, na fazenda Caiman. 

Após ar por tratamento intensivo para curar seus ferimentos, o objetivo era, eventualmente, devolvê-lo à natureza. Valente sobreviveu a um dos maiores incêndios já registrados no bioma Pantanal em 2024: mais de 2,6 milhões de hectares, ou 17% do bioma, foram queimados. 

Segundo estudo realizado pela Arlan com apoio da WWF-Brasil, a região sofreu redução drástica na cobertura de água, com imagens de satélite mostrando diminuição de 82% nas áreas que permanecem inundadas por seis meses ou mais desde 1985”.

Caring for the Unseen Giants (Cuidando dos Gigantes Invisíveis)

Caring for the Unseen Giants - Foto: Fernando Facile
Foto: Fernando Faciole

A pata traseira de um jovem tatu-canastra (Priodontes maximus), de aproximadamente um ano e meio de idade, é segurada pelo biólogo Gabriel Massocato, coordenador de campo do Projeto Tatu-Canastra no Pantanal.

Nos últimos 14 anos, Gabriel dedicou sua vida à proteção dessa espécie por meio de uma extensa pesquisa científica e, junto à equipe do Projeto Tatu-Canastra, que inclui o zoólogo mestre em manejo de biodiversidade Arnaud Desbiez (que aparece na foto de Faciole premiada no ano ado) e o veterinário Danilo Kluyber, tem trabalhado incansavelmente para lançar luz sobre essa espécie tão discreta. O projeto é liderado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS)”.

“Estamos muito felizes com o destaque das imagens do Fernando no concurso. Sua fotografia é uma arte que tem o poder de transportar as pessoas para os lugares revelados, tem o poder de abrir mentes”, declara Arnaud Desbiez, presidente do ICAS. “Mostrar a pata do tatu-canastra na mão do pesquisador ajuda a dimensionar a raridade deste animal e impressionar as pessoas por sua beleza e característica pré-histórica. É um registro forte e poderoso”.

“Além disso, a parceria entre um projeto de conservação e um fotógrafo é muito importante pra nós porque é uma forma efetiva e muito eficiente de comunicação, que chega ao coração das pessoas. É uma forma eficiente e muito interessante de compartilhar nossa mensagem”, finaliza o pesquisador.

Vale destacar aqui, ainda, que, em maio de 2022, Gabriel Massocato recebeu um dos mais importantes e cobiçados prêmios Internacionais de conservação, o Future For Nature da Future for Nature Foundation, que apoia jovens conservacionistas comprometidos com a preservação de espécies animais e vegetais no planeta (contamos aqui).

Little Giant’s Walk (A Caminhada do Pequeno Gigante)

Little Giant's Walk - Foto: Fernando Faciole
Foto: Fernando Faciole

“Filhotes órfãos de tamanduá-bandeira, quando ainda muito jovens, dependem de atenção constante dos cuidadores, que muitas vezes precisam levá-los para casa durante a noite. 

Este filhote foi encontrado agarrado à mãe, que havia sido vítima fatal de colisão com um veículo. A foto registra o momento da última mamada no escritório, por volta das 19h. 

Após a alimentação, os animais são incentivados a caminhar pelo recinto para se exercitarem e desenvolverem seus instintos. Este filhote, em particular, estava sob os cuidados do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) de Belo Horizonte, onde ava por reabilitação com a esperança de, futuramente, ser reintroduzido na natureza”.

Trajetória e conquistas

Explorador da National Geographic Society (contamos aqui), o fotógrafo paulistano é formado em Ciências Biológicas. “Minha paixão é criar histórias visuais focadas na conservação, destacando espécies ameaçadas, suas interações com os seres humanos e os desafios para sua preservação”.

Desde 2022, recebeu diversos prêmios internacionais e teve seu trabalho exposto em países como Inglaterra, Itália, Mônaco e Dubai. 

Em 2022, tornou-se o mais jovem e o terceiro brasileiro a integrar a prestigiada International League of Conservation Photographers (iL), que reúne os fotógrafos de conservação mais renomados do mundo (os outros dois brasileiros são Luciano Candisani e João Marcos Rosa).

Em 2023, teve uma de suas histórias licenciadas pela National Geographic brasileira (contamos aqui), e uma das fotos que compõem esse trabalho publicada na revista internacional. Também foi destaque na BBC Wildlife Magazine. 

Em 2024, integrou a lista Forbes Under 30 como reconhecimento do impacto de seu trabalho na fotografia de conservação.

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Foto (destaque): Fernando Faciole

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