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Flotilha da Liberdade: a ativista Greta Thunberg e o ator Liam Cunningham integram missão humanitária rumo a Gaza

Flotilha da Liberdade: a ativista Greta Thunberg e o ator Liam Cunningham integram missão humanitária rumo a Gaza

A ativista sueca Greta Thunberg e o ator irlandês Liam Cunningham – conhecido pelo personagem Davos Seaworth pela de série Game of Thrones – integram o grupo internacional de defensores dos direitos humanos que partiu ontem (1), do porto de Catânia, na Sicília, Itália, no veleiro Madleen, em missão humitária organizada pela Coalizão da Flotilha da Liberdade (The Freedom Flotilla Coalition – FFC), rumo à Gaza.

Flotilha da Liberdade: a ativista Greta Thunberg e o ator Liam Cunningham integram missão humanitária rumo a Gaza
O veleiro Madllen pronto para seguir viagem rumo a Gaza
Foto: divulgacão / site The Freedom Flotilla Coalition

A coalizão é uma rede de organizações humanitárias composta por voluntários de mais de 20 países – entre eles médicos, professores, engenheiros e artistas – que, há mais de uma década, organiza missões marítimas desafiando o bloqueio israelense a Gaza. Sua criação se baseia na crença de que “nenhum povo deve ser deliberadamente privado de alimentos, mutilado, assassinado ou forçado a sofrer”.

A Coalizão da Flotilha da Liberdade enfatiza que este é um ato pacífico de resistência civil. “Todos os voluntários e tripulantes a bordo do Madleen são treinados em não violência. Eles navegam desarmados, unidos pela crença compartilhada de que os palestinos merecem os mesmos direitos, liberdade e dignidade que todas as pessoas”.

O veleiro foi batizado Madllen (Madalena) em homenagem à primeira e única pescadora de Gaza em 2014, e, segundo a FFC, “simboliza o espírito inabalável da resiliência palestina e a crescente resistência global ao uso de punições coletivas e políticas deliberadas de fome por Israel”.

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Flotilha da Liberdade: a ativista Greta Thunberg e o ator Liam Cunningham integram missão humanitária rumo a Gaza
O veleiro Madllen “simboliza o espírito inabalável da resiliência palestina e a crescente resistência
global ao uso de punições coletivas e políticas deliberadas de fome por Israel”
Foto: reprodução do Instagram

“Romper o cerco”

O objetivo desta missão pacífica é “ser uma fonte de esperança”,  entregar suprimentos aos palestinos, aumentar a “conscientização internacional” sobre a contínua crise humanitária na Faixa de Gaza e, de forma simbólica, “romper o cerco israelense” ao território devastado. 

“Queremos apelar ao fim do que é descrito como terrorismo de Estado, do silêncio da mídia e da cumplicidade global”, diz a organização em sua página online.

“Estamos fazendo isto porque, independentemente das probabilidades, temos que continuar tentando”, disse Greta Thunberg em prantos durante a coletiva de imprensa, antes de partir. 

“Porque o momento em que paramos de tentar é quando perdemos nossa humanidade. E, por mais perigosa que seja esta missão, ela não chega nem perto do silêncio do mundo inteiro diante deste genocídio transmitido ao vivo”.

Flotilha da Liberdade: a ativista Greta Thunberg e o ator Liam Cunningham integram missão humanitária rumo a Gaza
Greta Thunberg no veleiro Madllen aguardando o momento de zarpar
Foto: reprodução do Instagram

“O mundo não pode ser um espetador silencioso. Este silêncio e ividade a que estamos a assistir, na maior parte do mundo, é mortal”, acrescentou ela. “Estamos a assistir a uma fome sistemática de dois milhões de pessoas. Cada um de nós tem a obrigação moral de fazer tudo o que pode para lutar por uma Palestina livre”, completou.

Para Liam Cunningham, ator que hoje (2) completa 54 anos, “as pessoas que se preocupam e não estão fazendo nada são piores do que as pessoas que não se preocupam. Este genocídio está sendo transmitido ao vivo e dizer que não sabe não é uma opção. Sabem e não fazem nada, ficam calados!”, denuncia.

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O ator irlandês Liam Cunningham, defensor dos direitos humanos, no veleiro Madllen
Foto: reprodução do Instagram

A bordo do veleiro também estão o internacionalista brasileiro Thiago Ávila, a eurodeputada Rima Hassan de ascendência palestina (ela foi impedida de entrar em Israel devido à sua oposição ativa aos ataques a Gaza), a produtora e atriz Nicole Jenes, entre outras lideranças humanitárias de diferentes países.

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O internacionalista brasileiro Thiago Ávila em conversa animada com Greta Thunberg no veleiro Madllen
Foto: reprodução do Instagram

Os ativistas planejam chegar ao destino em sete dias, caso não sejam detidos. E Thiago ainda destacou na coletiva de imprensa: 

“Estamos rompendo o cerco a Gaza por mar, mas isso faz parte de uma estratégia mais ampla de mobilizações, que também tentará romper o cerco por terra”, com a Marcha Global para Gaza – iniciativa internacional que reúne médicos, advogados e mídia –deve deixar o Egito e chegar à fronteira de Rafah em meados de junho. 

Os organizadores planejam realizar protestos no local, exigindo que Israel acabe com a ofensiva em Gaza e reabra a fronteira.

Liam Cunnninghan, Thiago Ávila e a ativista curdo-turca que vive na Alemanha, Yasemin Acar
Foto: reprodução de vídeo

Na primeira missão, ataque por drones

A missão humanitária a bordo do Madleen é a segunda tentativa da FFC de chegar ao território palestino por mar, em menos de dois meses. 

Em meados de maio, Israel amenizou ligeiramente o bloqueio a Gaza, permitindo a entrada limitada de ajuda no território e a FFC decidiu enviar um grupo (muito maior do que o de agora) a bordo do navio Conscience

No entanto, a missão foi interrompida pelo ataque de drones enquanto a embarcação navegava em águas internacionais na costa de Malta, danificando gravemente a parte frontal do navio, mas sem deixar feridos. 

A parte frontal do navio Conscience - o primeiro a seguir em missão humanitária este ano -, ficou bastante danificada após ataques de drones certamente israelenses 
quando a embarcação seguia para Gaza / Foto: The Freedom Flotilla Coalition / divulgação
A parte frontal do navio Conscience – o primeiro a seguir em missão humanitária este ano -,
ficou bastante danificada após ataques de drones certamente israelenses
quando a embarcação seguia para Gaza
Foto: The Freedom Flotilla Coalition
/ divulgação

O grupo foi resgatado pelo governo maltês e responsabilizou Israel pelo ataque, mas o governo liderado por Benjamin Netanyahu ignorou a acusação.

Fome, arma de guerra

Na semana ada, Israel anunciou a suspensão parcial do bloqueio, no entanto apenas uma quantidade limitada de suprimentos foi autorizada a entrar na Faixa de Gaza, que enfrenta uma crise humanitária extrema, sem precedentes.

Há poucos pontos de distribuição de suprimentos em Gaza, três deles geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), instituição suspeita recém-criada com apoio dos Estados Unidos e de Israel.

A organização ignora o sistema de coordenação da ONU e, por isso, vem sendo boicotada por organizações humanitárias tradicionais, que acusam Israel de militarizar o o à comida e de violar princípios fundamentais da ajuda internacional. Para elas, a GHF fomenta a realocação forçada de palestinos e mais violência. 

Os ataques acontecem em outros pontos de distribuição também. Ontem (1), soldados israelenses e mercenários estadunidenses mataram, ao menos, 30 palestinos e feriram outros 150 durante “distribuição de comida” em armazém em Deir Al-Balah, de responsabilidade do Programa Mundial de Alimentos da ONU.

Em nota, o programa confirmou o episódio, afirmando que uma “horda de pessoas famintas” entrou no local e que, ao menos, dois palestinos morreram no “trágico incidente”.

situação humanitária em Gaza é de colapso total. Agências da ONU e importantes grupos humanitários afirmam que as restrições israelenses, a quebra da lei e da ordem e os saques generalizados tornam extremamente difícil a entrega de ajuda aos cerca de 2 milhões de palestinos em Gaza.

Israel usa a fome como arma de guerra – um crime contra a humanidade! – e transforma a ajuda humanitária em oportunidade para confinar palestinos em campos de concentração e executar a limpeza étnica que já dura 604 dias.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 4.100 palestinos foram assassinados desde 18 de março, quando Israel retomou a ofensiva. E, de outubro de 2023 até agora, o número de mortos chega a 54.381 — a grande maioria civis. 

Mas, em julho do ano ado, estudo publicado pela revista científica The Lancet indicava que o número de palestinos mortos por Israel em Gaza já ultraava 186 mil (contamos aqui). Os números oficiais certamente estão subnotificados devido, principalmente, ao fato de que muitos corpos estão sob escombros, sem condição de resgate.

Greta Thunberg agita a bandeira palestina antes de partir / Foto: reprodução do Instagram
Greta Thunberg agita a bandeira palestina antes de partir
Foto: reprodução do Instagram

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Com informações do The Guardian, The Freedom Flotilla Coalition (aqui e aqui), Thiago Ávila

Fotos: Kushal Das / Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0) e TMDB / divulgação

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