
Estima-se que existam 20 quatrilhões de formigas no planeta. O cálculo feito por cientistas da Julius-Maximilians-Universität Würzburg, na Alemanha, em 2022, representava o primeiro levantamento global sobre a população desses insetos.
Formigas podem ser encontradas em todos os continentes, com exceção das regiões polares. Todavia, sabe-se que elas são observadas em maior quantidade e densidade nos trópicos, sobretudo, em florestas da América do Sul. E foi no Brasil que descobriu-se o fóssil da formiga mais antiga encontrada até hoje pela ciência, com 113 milhões de anos.
O fóssil foi achado na Formação Crato, na bacia do Araripe, no Ceará, região do país com uma enorme riqueza paleontológica. A formiga estava preservada em rocha calcária e fazia parte da coleção do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). Foi lá que o inseto tão bem preservado chamou a atenção do pesquisador Anderson Lepeco em setembro do ano ado.
Agora, meses depois, o brasileiro junto com outros colegas revela ao mundo a descoberta, através da publicação de um artigo científico em que descrevem a nova espécie, a Vulcanidris cratensis. O inseto pertence à subfamília Haidomyrmecinae, já extinta, e mais conhecida como formiga-do-inferno.
“A nova espécie está intimamente relacionada às formigas-do-inferno encontradas apenas em âmbar birmanês. A presença de formigas-do-inferno no Aptiano, no nordeste do Brasil, fornece as primeiras evidências da história biogeográfica dos Formicidae ao longo do tempo. A distribuição dos clados conhecidos indica que as formigas-do-inferno eram amplamente distribuídas, com intercâmbios repetidos entre as massas terrestres do Cretáceo”, explicam os autores do estudo.
Até então, as formigas-do-inferno mais antigas que tinham sido encontradas datavam de cerca de 99 milhões de anos atrás. Para os pesquisadores, a descoberta ajuda no entendimento da evolução desses insetos, e sobre aspectos deles no Período Cretáceo, antes delas desaparecerem durante uma extinção em massa de espécies.
Com o auxílio de microtomografia computadorizada, foi possível identificar que Vulcanidris cratensis apresenta algumas características anatômicas similares às das vespas (ambas possuem um ancestral comum), como asas com mais veias. Além disso, as formigas modernas têm uma mandíbula que se move lateralmente, já na espécie recém-descrita ela é voltada para cima.
“Ela [a mandíbula] poderia ter funcionado como uma espécie de empilhadeira, movendo-se para cima”, afirmou Lepeco em entrevista à CNN. “A morfologia complexa sugere que mesmo essas formigas primitivas já haviam desenvolvido estratégias predatórias sofisticadas, significativamente diferentes de suas contrapartes modernas.”

Foto: Odair M. Meira
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Foto de abertura: Anderson Lepeco