
Ameaçado por conflitos armados, atividade vulcânica e desmatamento desenfreado, o parque nacional mais antigo da África – Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo -, decidiu investir em economia verde para impulsionar esforços de conservação, protegendo uma das paisagens mais extraordinárias do mundo, além de elevar as condições das pessoas. A fim de arrecadar recursos, produziu em abril, 25 mil Gorilas de Chocolate, que estão sendo vendidos na Europa, incluindo a Bélgica, antiga colônia do país.
Criado pela Virunga Origins — a marca de chocolate e café desenvolvida em parceria com o parque — o chocolate apoia meios de subsistência sustentáveis para comunidades agrícolas e iniciativas de conservação locais.

O cacau para essa produção vem de fazendas localizadas na periferia do parque, que integram esforços para promover atividades agrícolas e industriais na área, para que os moradores desistam da extração de madeira e da caça ilegal. Uma boa troca.
A fábrica de chocolate está localizada a cinco quilômetros do parque e 100% dos lucros são reinvestidos nas comunidades próximas. “Em Virunga, acreditamos que o futuro do parque nacional mais antigo da África – seu centenário, em abril, foi marcado por este lançamento – é inseparável do bem-estar das comunidades que o cercam”, diz o parque em seu site.
A colheita de cada produtor é inteiramente absorvida pela fábrica de Virunga, mas nenhum deles viu, ainda, o produto pronto: “uma reluzente representação em chocolate de um gorila adulto com os braços sobre os ombros de um de seus filhotes”.

Para Emmanuel de Merode, diretor do Parque Nacional de Virunga, “os gorilas de chocolate também simbolizam a resiliência do parque diante de múltiplas ameaças”.
“Por meio da Aliança Virunga, estamos explorando o vasto potencial do parque – criando empregos por meio do ecoturismo, fornecendo energia renovável para abastecer empresas e residências e capacitando agricultores por meio da agricultura sustentável”, conta o parque em seu site.
O parque e os rebeldes
Com mais de 7.800 km2, o Virunga abriga 1/3 dos últimos gorilas-das-montanhas do mundo, antes classificados como criticamente em perigo, seu status melhorou graças à proteção incansável e à colaboração da comunidade deste que é um dos lugares com maior biodiversidade do mundo.
O gorila-das-montanhas de Virunga são a prova do que é possível fazer quando as pessoas se unem para proteger algumas das espécies mais vulneráveis do planeta.
Em 21 de abril, o parque do Congo se tornou oficialmente o primeiro parque nacional da África. No entanto, ele chega à essa idade controlado pelos Rebeldes do M23 em grande parte de sua área. E à medida que os combates se intensificam, aumenta a perda de suas florestas.
Desde janeiro, os rebeldes dominam as duas maiores cidades do leste do Congo – Goma e Bukavu -, em um avanço nunca registrado, que pode levar a uma guerra regional generalizada.
Mas, na verdade, a instabilidade tem sido um problema em Virunga muito antes dessa ousadia do grupo. E Roger Marora, mestre chocolateiro e natural da província de Kivu do Norte, lamenta: “Com a insegurança que vemos na região, às vezes é difícil ar a matéria-prima para os chocolates, que é o cacau”.
Segundo as Nações Unidas e os governos ocidentais, Ruanda equipou o M23, fornecendo armas e tropas, mas o país nega, dizendo que suas forças armadas têm agido apenas em legítima defesa contra o exército do Congo e uma milícia fundada pelos autores do genocídio de 1994.
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Com informações da BBC e dos sites National Virunga Park e Virunga Origins
Fotos: Virunga Origins / divulgação