Elza Soares não está mais fisicamente entre nós, mas deixou um legado gigante para a música e as mulheres brasileiras. Sobrevivente, resiliente e determinada, a cantora e compositora não se deixou abater jamais. Não teve uma vida fácil, todavia, com sua voz rouca e única, cantou. E fez sua voz e sua dor serem ouvidas. Se ainda estivesse viva, a artista teria completado 93 anos na semana ada, no dia 23 de junho.
Mas essa gigante da MPB se foi em janeiro de 2022.
Nascida em 1930, na comunidade Moça Bonita – hoje Vila Vintém – no bairro Padre Miguel, no Rio de Janeiro, era filha de um operário e uma lavadeira. No total, eram nove irmãos. Foi com o pai, que tocava violão, que começou a se encantar com a música.
Vítima de violência sexual durante a adolescência, teve o primeiro filho ainda menina. Perdeu o segundo para a fome. Mesmo trabalhando como faxineira para sustentar sozinha a família, nunca deixou a música de lado.
Pouco a pouco seu timbre e sua força foram ficando conhecidos em programas de rádio e a partir daí nunca mais desceu do salto ou de um palco. Em 1999, Elza Soares foi eleita, pela Rádio BBC de Londres, a “Cantora Brasileira do Milênio”.
E para homenagear essa mulher, brasileira, negra e artista sensacional, um grupo de pesquisadores decidiu batizar com o seu nome uma nova espécie de formiga descoberta na Amazônia no final do ano ado.
A Leptogenys elzasoares é endêmica do Brasil, ou seja, só existe no Brasil e em nenhum outro lugar do mundo. Exatamente como nossa saudosa Elza.
“Para mim Elza Soares é uma das maiores artistas brasileiras e uma das maiores vozes do Brasil não só na música, mas em questões sociais e direito das mulheres. Por isso, pensei que homenagear uma pessoa que lutou tanto por um Brasil mais justo e mais feliz”, revelou Leonardo Tozetto, biólogo especialista em insetos Leonardo Tozetto, principal autor do artigo que descreve a nova espécie, em entrevista ao G1.
A descrição da formiga que homenageia Elza Soares foi feita a partir da coleta de operárias e de um único macho, em Manaus.
Essa espécie de formiga possui o corpo bicolor, com a cabeça e o tórax pretos e opacos e o abdômen em tons ferrugem brilhante, quase amarelo.
“Assim como outras formigas, ela utiliza o ferrão para injetar uma toxina (ácido formico), utilizada pelas espécies para caçar e se defender, principalmente”, explica Tozetto. “E as formigas do gênero Leptogenys têm uma alimentação seletiva, restrita à caça de tatu-bolinha. Elas usam o ferrão para paralisar o crustáceo e levam a presa para o ninho, para alimentar as larvas. Como possuem hábitos noturnos, caçam nesse período”.
Uma singela homenagem à diva da música brasileira
(Foto: divulgação)
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Foto de abertura: divulgação