
O Instituto Nacional de Saúde (NIH), o maior centro de pesquisas médicas dos Estados Unidos, que estuda as causas, tratamentos e curas para doenças comuns e raras, anunciou há poucos dias que irá priorizar investimentos em novas tecnologias e que reduzam a necessidade do uso de animais em testes.
“Por décadas, nosso sistema de pesquisa biomédica se baseou fortemente em modelos animais. Com esta iniciativa, o NIH está inaugurando uma nova era de inovação”, afirmou Jay Bhattacharya, diretor do instituto. “Ao integrar os avanços em ciência e tecnologia de dados com nossa crescente compreensão da biologia humana, podemos reimaginar fundamentalmente a forma como a pesquisa é conduzida – do desenvolvimento clínico à aplicação no mundo real. Essa abordagem baseada em humanos acelerará a inovação, melhorará os resultados da saúde e oferecerá tratamentos transformadores. Ela marca um salto crítico para a ciência, a confiança pública e o atendimento ao paciente.”
Segundo o comunicado divulgado pelo NIH, alguns tipos de pesquisa têm sido inconclusivos quanto à eficácia da tradução dos resultados de modelos animais para doenças humanas, como Alzheimer e câncer. “Esses desafios de tradução para humanos podem ser devidos a diferenças na anatomia, fisiologia, expectativa de vida e características da doença. Embora humanos e animais possam compartilhar genes, alguns estudos demonstraram que pode haver diferenças funcionais entre órgãos e sistemas do corpo que podem resultar em algumas limitações de tradução”, explica o comunicado.
Embora o NIH não tenha feito qualquer menção ao sofrimento dos animais envolvidos em pesquisas, organizações celebraram a decisão. “O NIH é o maior financiador mundial de pesquisa biomédica, com um orçamento anual de US$ 48 bilhões, então uma mudança nas prioridades de financiamento de pesquisas com animais para tecnologias baseadas em humanos pode ter um impacto imediato e significativo na redução do uso de animais”, declarou Sara Amundson, presidenta do Humane World Action Fund.
Estima-se que mais de 50 milhões de camundongos, ratos, cães, gatos, macacos, coelhos e outros animais em por experimentos em laboratórios dos EUA a cada ano.
A decisão do NIH se alinha com o anúncio divulgado também pela istração de Alimentos e Medicamentos (FDA), que semanas antes revelou que iria substituir os testes com animais no desenvolvimento de terapias com anticorpos monoclonais e outros medicamentos por “métodos mais eficazes e relevantes para o ser humano.
“A exigência de testes em animais será reduzida, aprimorada ou potencialmente substituída por meio de uma série de abordagens, incluindo modelos computacionais de toxicidade e linhagens celulares baseados em IA e testes de toxicidade de organoides em laboratório”, afirmou o FDA em nota. “A implementação do regime começará imediatamente para pedidos de novos medicamentos em investigação… Para determinar a eficácia, a agência também começará a utilizar dados de segurança preexistentes e reais de outros países, com padrões regulatórios comparáveis, onde o medicamento já foi estudado em humanos.
Para a Humane World for Animals, que há décadas luta pelo fim do uso de animais em testes e pesquisas, já existem tecnologias suficientes e comprovadamente eficazes para serem aplicadas. “Essas tecnologias modernas, sem uso de animais, estão permitindo cada vez mais que os cientistas abordem hipóteses antes não testáveis, acelerem o cronograma de implementação, melhorem os resultados de saúde pública e ofereçam tratamentos que salvam vidas”, ressalta Sara. “Elas estão ajudando os cientistas da saúde a romper com um ciclo obsoleto de criação de modelos artificiais de doenças por meio de manipulações genéticas, cirúrgicas ou de outro tipo em animais para estudar doenças humanas – um processo que o NIH reconhece ser falho”.
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Foto de abertura: Zhaoli JIN on Unsplash