Muitos são os cientistas hoje em dia que decidem batizar novas espécies com nomes de celebridades. É uma tentativa de aproximar a ciência dos leigos. Ao chamar a atenção das pessoas, de uma maneira mais popular, divertida e didática, pesquisadores querem engajá-las nos esforços de conservação e proteção de plantas e animais, que de outra maneira, poderiam ar despercebidos.
Já escrevi aqui, por exemplo, sobre as aranhas que homenageiam David Bowie, a cobra que ganhou o nome da mãe do ator Leonardo DiCaprio e os pseudoescorpiões chamados de Frida Kahlo e Arnold Schwarzenegger.
E agora, mais uma descoberta feita por cientistas ganha um nome bem pop também! Pesquisadores da Murdoch University, em Perth, na Austrália – um deles brasileiro, inclusive, – nomearam um novo gênero de aranhas de ABBA, a famosa banda de música sueca.
Ele pertence à família Araneidae, que possui atualmente 188 gêneros e mais de 3 mil espécies em todo o mundo. Esses aracnídeos são conhecidos por construir teias orbiculares verticais (em forma de círculo) para capturar suas presas (nem todas as aranhas as tecem deste modo).
Essas aranhas podem ainda ser identificadas pelo padrão ocular, o abdômen normalmente sobreposto à carapaça e sua complexa genitália.
Até este momento, o gênero ABBA só tem uma espécie, a Abba transversa, encontrada na costa das regiões da Nova Gales do Sul e Queensland, na Austrália. A aranha é bem pequenina, mede entre 3 e 4 mm.
Segundo os pesquisadores uma das características que a torna diferente é a presença de duas pintas pretas no abdômen e pelas pelas espessas macro-cerdas (pelos) no primeiro par de patas dos machos.
Os cientistas, Volker Framenau e o brasileiro Pedro Castanheira, que assinam o artigo científico em que descrevem o novo gênero, confessam que são fãs do ABBA. Eles fizeram a descoberta após 15 anos de trabalho, analisando mais de 12 mil registros de diferentes coleções de aracnídeos.
Os dois relatam que as canções criadas por Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Lyngstad e mais tarde, os musicais ‘Mamma Mia!’ (2008) e ‘Mamma Mia—Here We Go Again!’ (2018) proporcionaram horas de entretenimento e diversão a eles.
“Descrever novos táxons é vital para os planos de manejo de conservação para avaliar a biodiversidade e proteger as áreas florestais em toda a Austrália”, diz Castanheira, principal autor do artigo. “Atualmente 80% das espécies de aranhas australianas são desconhecidas, e muitas das descritas estão perdidas em diferentes gêneros, como costumava ser a Abba transversa”.
No ano ado, a dupla de cientistas que também é apaixonada por futebol batizou um outro gênero de aranha com o nome de Socca.
Nomes científicos de espécies são sempre escritos em itálico. O gênero tem sempre a inicial maiúscula e é escrito primeiro, em latim, e em seguida vem a espécie, em minúscula, e descrevendo características próprias.
No caso acima, Socca foi uma latinização da palavra “soccer”, futebol em inglês americano.
Castanheira cresceu no Rio de Janeiro, onde futebol é vida, diz ele
*Com informações do site EurekAlert!
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Foto de abertura: Volker W. Framenau
