O Brasil perdeu na sexta-feira (08/09) um dos mais importantes pesquisadores da área ambiental. Aos 72 anos, Alberto Setzer sofreu um infarto e não resistiu. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) era uma referência na sua área de trabalho. Foi o idealizador do Programa Queimadas da instituição para o monitoramento de queimadas e incêndios florestais e também, o precursor no projeto de Meteorologia Antártica do Brasil.
Segundo nota divulgada pelo instituto, Setzer era um “defensor fervoroso do meio ambiente, educando o público sobre questões ambientais e inspirando jovens a seguirem carreiras na ciência ambiental, contribuiu significativamente na formação de pessoas tanto no INPE com em outras instituições”.
Nascido em São Paulo, capital, em 1951, o Setzer formou-se em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia Mauá (1973), com mestrado em Engenharia Ambiental. Depois estudou em Israel, no Technion Institute, e fez seu doutorado em Engenharia Ambiental, na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos.
Sua carreira no Inpe começou em 1977, como pesquisador,no setor de meteorologia, com pesquisas sobre a dispersão de poluentes na atmosfera, e o uso de imagens de satélites para o desenvolvimento de sistemas avançados de detecção e previsão nos temas de monitoramento de queimadas com imagens de satélites, risco de fogo da vegetação, e meteorologia Antártica.
“Seu legado é marcado por prêmios e realizações que refletem sua paixão inabalável pela proteção da Terra e seu desejo de contribuir para apoiar o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliassem para o desenvolvimento de um mundo mais sustentável”, escreveu o Inpe em nota. “A morte deste cientista ímpar é uma perda indescritível, um ser merecedor de todas as honras, seu legado e contribuição permanecerão para as futuras gerações”.
O Observatório do Clima também publicou uma nota de pesar, ressaltando o importante trabalho e legado deixado por Setzer.
“Durante mais de três décadas Setzer foi o jardineiro fiel das queimadas, mantendo o monitoramento por satélite do fogo e permitindo ao país entender o que estava acontecendo na Amazônia mesmo quando o Inpe ficou sem recursos para os cálculos de desmatamento. Se hoje nós falamos em desmatamento zero, isso se deve em enorme medida ao trabalho metódico e incansável do pesquisador paulista”, diz Claudio Angelo, coordenador de Comunicação e Política Climática do OC.
Foto de abertura: divulgação Inpe