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Nada? Tudo! Uma floresta inteira!

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O que acontece quando as crianças brincam ao ar livre, depois de muito tempo de vivências em espaços fechados, sempre com música, exposição a diferentes tipos de telas, brinquedos e mais brinquedos? Faça isso e você, provavelmente, vai perceber que esse primeiro contato será de total estranhamento. Elas nem saberão muito o que fazer com tanto espaço.

A partir de estudos e também da minha experiência como professora, não importa onde eu esteja, procuro sempre reduzir, ao máximo, a quantidade de brinquedos usados durante qualquer prática ou vivência. Geralmente, os substituo por materiais que dão às crianças oportunidades de transformá-los no que elas quiserem. Assim, tecidos, carreteis, caixas e caixotes, gravetos, penas, pedras e latas entram na brincadeira, ganham novas funções e dão forma a um mundo novo criado pelos pequenos. E, para nós, adultos, essa experiência também significa muito: um o contra o consumismo.

Antes de conhecer as Escolas da Floresta, na Inglaterra, em janeiro último (contei rapidamente sobre essa experiência no post anterior), eu tinha uma grande curiosidade a respeito dos materiais que as educadoras levam para as “aulas”.  Tinha dezenas de perguntas sobre esse tema. Mas, durante o período que ei lá, as perguntas pouco importaram porque as crianças me mostraram as respostas.

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Nós, professores e orientadores, chegávamos de manhã cedo à escola. Cada um levava materiais que seriam oferecidos para que as crianças pudessem brincar e explorar. Tudo muito simples e organizado pelo espaço de modo convidativo. As crianças chegavam pouco depois. Brincavam o dia todo na floresta, mas, dos materiais que havíamos preparado, nem chegavam perto. Raramente pegavam um objeto ou outro. Mas os utilizavam por pouco tempo e logo devolviam ao lugar de origem.

Em uma das brincadeiras, uma das meninas “cozinhou” macarrão com molho de tomate para mim. Em dado momento, perguntei se ela precisava de uma a e de uma colher. E sua resposta foi muito simples e rápida: “Pra que?”.

Então, pensei: “Como essas crianças conseguem fazer coisas incríveis, sem ter nada de palpável?”. Prestei atenção ao que acabara de dizer a mim mesma. Como nada? Nada, não! Tudo! Elas sempre têm tudo de que precisam. Aquelas crianças tinham, à sua disposição, uma floresta inteira! Todos os dias, aquelas crianças olham para o espaço e encontram possibilidades infinitas.

O poeta Manoel de Barros dizia: “Meu quintal é maior que o mundo”.

Não consigo nem imaginar o tamanho do mundo dessas crianças que conheci na Inglaterra…

Foto: Ana Carol Thomé

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