Espécies de lesma-do-mar fazem parte da família dos nudibrânquios, moluscos do grupo dos gastrópodes, que não possuem conchas ou então as têm em tamanho reduzido, e entre suas principais características estão as cores vivas e formas incomuns.
Um desses seres, com aparência pra lá de bizarra, acaba de ser descoberto no Reino Unido. Por isso mesmo, seu nome científico foi escolhido como Pleurobranchaea britannica. A nova espécie foi encontrada por um navio de pesquisa, na região sudoeste da Inglaterra.
Atualmente existem cerca de 100 espécies de lesmas-do-mar conhecidas nas costas do país e da vizinha Irlanda. Assim que avistaram esse molusco, os cientistas do Centro para Meio Ambiente, Pesca e Ciência de Aquacultura (CEFAS) já suspeitaram que se tratava de uma espécie ainda não descrita.
Medindo entre 2 e 5 cm de comprimento, a Pleurobranchaea britannica não tem concha e apresenta guelras, órgãos respiratórios, localizadas no lado direito do corpo, assim como outras espécies do mesmo gênero. Elas permitem que a lesma-do-mar extraia oxigênio da água.
Até então, nunca antes havia sido documentada um espécime dessas lesmas com guelras em águas britânicas. A identificação e confirmação sobre a nova espécie se deu graças à parceria com a Universidade de Cádiz, na Espanha, que conduziu análises do animal.
“É emocionante ver que as pesquisas pesqueiras de rotina ainda podem levar a tais descobertas. Bastou uma breve inspeção de dois espécimes para ter certeza de que havíamos encontrado uma espécie de Pleurobranchaea”, diz Ross Bullimore, ecologista marinho do CEFAS, responsável pela descoberta. “Muitas vezes há uma suposição de que sabemos tudo o que há para saber sobre as espécies encontradas nas águas do Reino Unido, mas isto só serve para mostrar que ainda há muito para aprender no nosso próprio quintal.”
A pele é transparente e com isso se vê alguns órgãos internos
Foto: Ross Bullimore/CEFAS
Essas lesmas-do-mar são encontradas com maior frequência em regiões de águas mais quentes, como na costa oeste da Espanha, e também em Portugal e na França.
Todavia, especialistas acreditam que devido ao aumento da temperatura dos oceanos, elas começaram a ser avistadas no litoral do Reino Unido.
“Como cientistas, aprendemos muito com esta nova descoberta. Estamos falando de diferenças entre espécies que são quase impossíveis de serem vistas a olho nu. Mostra como é fácil ignorar mudanças na distribuição de espécies com as quais estamos familiarizados, ou, neste caso, a presença de uma totalmente nova onde não é esperada. Isto mostra a importância de continuar a questionar o que vemos se quisermos avançar na nossa compreensão de como o nosso ambiente marinho está mudando”, ressalta Peter Barry, biólogo marinho do CEFAS.
Dentro do círculo azul, as guelras da nova espécie
Foto: Ross Bullimore/CEFAS
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação do CEFAS
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Foto de abertura: Ross Bullimore/CEFAS