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Parque das Aves recebe filhotes de rolinha-do-planalto, uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo

Parque das Aves recebe filhotes de rolinha-do-planalto, uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo

Faz quase dois meses que o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná, recebeu três filhotes de rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), espécie que está entre as mais ameaçadas de extinção no planeta. 

Eles são fruto de incubação artificial dos ovos realizada por especialistas para garantir seu nascimento, um esforço que envolve diversas instituições nacionais e internacionais.

Parque das Aves, a SAVE Brasil e o Zoológico de Chester, no Reino Unido, se uniram para a realização do projeto e ainda contaram com o apoio dos zoológicos de Toledo e do Bronx, nos Estados Unidos. Uma cooperação internacional para fortalecer a sobrevivência da espécie.

“Uma chance para reverter o destino da espécie”

Para a missão, foram “recrutados” especialistas em reprodução animal, responsáveis pelo nascimento e acompanhamento dos três filhotes, processo que envolveu incubação artificial, alimentação especializada reintegração à natureza

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“Ver esses filhotes é emocionante. Cada nascimento representa uma chance real de reverter o destino dessa espécie. É uma alegria e, também, uma grande responsabilidade”, contou Paloma Bossodiretora-técnica do Parque das Aves ao H2Foz.

E, como eles ainda são muito jovens – só atingirão a idade reprodutiva em 2026 – e raros, estão numa área restrita e não expostos na trilha de visitação do Parque. 

São mantidos em segurança máxima com câmeras de monitoramento 24 horas por dia e um sistema especial de controle da luz solar, que ajuda a recriar o ambiente natural do Cerrado. 

O objetivo de tantos cuidados é garantir que, ao crescerem, os filhotes tenham as melhores condições para a reintegração à natureza

Risco crítico de extinção

Foi-se o tempo em que pesquisadores encontravam a espécie em uma ampla área do Cerrado. De acordo com o último censo, realizado no início deste ano, existem apenas 11 rolinhas-do-planalto em seu habitat natural, na região de Botumirim, na Serra do Espinhaço, no norte de Minas Gerais.

Por isso a espécie é considerada em risco crítico de extinção e, em abril de 2025, uma nova medida foi tomada para protegê-la. Com o apoio do Parque Estadual de Botumirim, a SAVE Brasil suspendeu as visitas e a prática de birdwatching na Reserva Natural Rolinha-do-Planalto.

A decisão foi tomada após mudanças no comportamento das aves, observadas durante o censo: as rolinhas aram a frequentar áreas de vegetação mais fechada. Embora a observação de aves seja uma atividade de baixo impacto, neste momento a prioridade é o bem-estar e a redução de qualquer estresse ambiental.

“Sua conservação depende do esforço de muitas pessoas e instituições, para que elas possam seguir cantando no Cerrado por muitos anos”, ressalta Ben Phalan, gerente de Conservação do Parque das Aves.

População de segurança 

Foi em 2023 que se iniciaram os esforços para criar uma população de segurança sob cuidados humanos. Os primeiros dois ovos eclodiram, os filhotes foram criados por cientistas e levados ao Parque das Aves. Um ano depois, outro filhote se juntou a esse grupo.

“Agora, com a chegada dos três novos indivíduos, o Parque das Aves a a abrigar seis rolinhas-do-planalto. Todos estão sendo cuidadosamente monitorados e fazem parte de um plano coordenado de manejo reprodutivo”, salienta Paloma Bosso. 

“A integração dos novos filhotes aos demais será feita de maneira gradual e estratégica, com foco na formação de casais reprodutores, visando uma população de segurança estável e geneticamente viável”, completa.

Trabalho de campo

Segundo o H2Foz, o manejo da espécie segue dados científicos de instituições parceiras, como o  Laboratório de Genética e Evolução Molecular de Aves (LGEMA) da USP. Esse procedimento garante que a análise genética oriente decisões sobre a formação de casais, o monitoramento de parentesco e a diversificação genética.

ornitólogo Tony Bichinski conta que todo o projeto de manejo integrado se inicia nos trabalhos de campo com a espécie. Ele ainda destaca que o conhecimento científico da dinâmica ecológica, que rege uma determinada espécie, é o que determina a criação de estratégias para o sucesso de um projeto integrado.

Por isso, os trabalhos em campo começam com o monitoramento sistemático dos indivíduos durante a estação reprodutiva, que resulta na identificação de comportamentos que revelam o início da reprodução de cada casal no ambiente de ocorrência natural.

 “Com essas informações é possível identificar em qual estágio do ciclo reprodutivo as aves estão e, a partir daí, programar os os subsequentes para o manejo”, explica o ornitólogo.

Parcerias e apoio financeiro 

Além das instituições brasileiras e estrangeiras já citadas, também participam do projeto: o Instituto ClaravisInstituto Grande SertãoBirdLife International, o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, a Prefeitura de Botumirim, Durrell Wildlife, o Vogelpark Marlow, a Universidade de Brasília e a Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP).

Entre os apoiadores financeiros estão: American Bird ConservancyBirdLife International Species Champion, Bruce Peterjohn (chefe do Bird Banding Lab da U.S. Geological Survey – USGS), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil e Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund.

E Patrícia comenta a importância dessas parcerias: “Elas são estratégicas para o fortalecimento das ações de manejo integrado da espécie. Cada nascimento representa um avanço na construção de uma população de segurança, contribuindo diretamente para a diminuição do risco de extinção”.

Como tudo começou 

O Parque das Aves, é o único zoológico do Brasil acreditado internacionalmente pela Associação Latino-Americana de Parques Zoológicos e Aquários (ALPZA), que reconhece altos padrões em termos de educação ambiental, bem-estar animal e conservação. A acreditação foi concedida em 2020 e renovada em março de 2025.

Por isso, em 2017, o parque recebeu uma missão especial: se tornar aliado num esforço de preservação da rolinha-do-planalto, espécie que ficou desaparecida da natureza por 75 anos e foi redescoberta em 2015, pelo biólogo Rafael Bessa, em Botumirim.

Em agosto de 2019, o Parque das Aves sediou workshop internacional a fim de criar umplano emergencial para salvar duas espécies criticamente ameaçadas: a rolinha-do-planalto e a choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi).

O encontro reuniu 29 especialistas de 15 instituições nacionais e internacionais, entre eles biólogos de campo, pesquisadores, especialistas em reprodução e membros da Comissão de Sobrevivência de Espécies da UICN. Este foi um o estratégico para o manejo conjunto e colaborativo das espécies ameaçadas. Em especial da rolinha-do-planalto.

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Com informações do H2Foz e do G1

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