
Pela primeira vez um peixe-leão (Pterois volitans) é encontrado no litoral da Bahia. A captura foi realizada há poucos dias nas águas de Morro de São Paulo, na costa sul do estado, em uma área de corais. Após um mergulhador ter observado um espécime e relatado o avistamento às autoridades, uma operação foi montada para a coleta do animal. O peixe tinha cerca de 10 centímetros e era um juvenil, com cerca de um ano de vida.
Nativo dos Oceanos Índico e Pacífico, o peixe-leão é uma espécie exótica e invasora. Predador, em seu habitat natural, ele é controlado pela cadeia alimentar, onde é presa de espécies de garoupas e até por tubarões. Mas longe desses inimigos, consegue comer mais de 20 peixes, do mesmo tamanho, em apenas 30 minutos. Além disso, se reproduz rapidamente. Uma fêmea pode colocar até 2 milhões de ovos por ano.
Com o corpo listrado de branco e tons de vermelho, laranja e marrom, o peixe-leão tem 18 espinhos que possuem uma toxina. Em contato com a pele humana pode provocar inchaço, vermelhidão, febre e até convulsões.
No Brasil, o primeiro registro da espécie aconteceu em 2014, no litoral de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Contudo, ao longo dos últimos anos, o número de casos vem aumentando, e parece se repetir o que aconteceu no Mar Mediterrâneo e no Caribe, onde houve uma proliferação da espécie, e ele acabou virando uma praga (leia mais aqui).
No arquipélago de Fernando de Noronha, por exemplo, o peixe-leão foi avistado pela primeira vez em 2020. Desde então, mais de 1 mil indivíduos já foram capturados na região. Só em janeiro deste ano, houve uma captura recorde de 140 deles em quatro pontos diferentes da ilha.
Na região Nordeste, pouco a pouco, o temido peixe tem avançado rumo ao sul, no que alguns especialistas já alertam ser um das bioinvasões mais rápidas já ocorridas no país.
Em 2022, vários deles apareceram em praias do Ceará. O estado entrava na lista de várias outras localidades onde a espécie já estava sendo avistada, como em municípios do Piauí, em recifes da foz do Rio Amazonas, entre o Amapá e Pará. Um ano depois, foi a vez da chegada ao litoral de Pernambuco e semanas depois, da Paraíba (veja nesta outra reportagem).
O exemplar capturado em Morro de São Paulo foi encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde ará por análises e estudos em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Agora vamos dar início à implantação de um plano de resposta rápida à invasão do peixe-leão, seguindo as diretrizes do Manual de Alerta, Detecção Precoce e Resposta Rápida de Espécies Exóticas Invasoras Marinhas do Ministério do Meio Ambiente e ao plano estratégico do Programa de Gerenciamento Costeiro da Bahia”, afirmou Eduardo Mendonça Sodré Martins, secretário do Meio Ambiente da Bahia.
Não toque no peixe-leão!
A recomendação de especialistas é que não deve se tocar ou tentar manusear a espécie. Caso alguém aviste ou tenha informações sobre o peixe-leão no Brasil, deve rear os dados através do SIMAF ou entrar em contato com [email protected].
Pescadores não devem devolvê-lo ao mar e logo que possível, buscar os órgãos competentes e informar o acontecido.
Neste guia elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) você encontra mais dicas e informações.
O ICMBio-Noronha oferece capacitações para captura do peixes-leão aos profissionais das operadoras de mergulho. Interessados em receber a qualificação devem entrar em contato pelo telefone: (81) 9115-6860.

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Foto de abertura: freepik