
“O futuro é ancestral e a humanidade precisa aprender com ele a pisar suavemente na terra”, convida o líder e pensador indígena Ailton Krenak no documentário Pisar Suavemente na Terra, dirigido pelo brasileiro Marcos Colón (o mesmo diretor de ‘Beyond Fordlandia), exibido no Brasil em 2022, em festivais, e que ainda circula por eventos internacionais.
Premiado no ano ado no Festival Internacional Cine Periferias, de Portugal (melhor longa-metragem) e no Festival Filmambiente, no Rio de Janeiro (melhor fotografia), esta semana, foi reconhecido mais uma vez, agora no Equador.
O filme venceu o prêmio ‘Seamos la Voz de la Naturaleza’ (Sejamos a voz da natureza!) de melhor longa-metragem no ECOADOR – Festival Internacional de Cinema Ambiental, o único realizado no país, há sete anos.
“O prêmio valoriza o convite de Ailton Krenak”
Para Marcos Colón, a importância do filme e deste prêmio está no chamado de Ailton Krenak, que nos convida a pisar suavemente na Terra e não se restringe apenas ao Brasil: “É um convite que vai da Amazônia à Pan-Amazônia e se expande pelo planeta”.

E por que esse reconhecimento é importante? “Quando a gente entra na casa de alguém, tem que tirar os sapatos pra não sujar, adquirir certos códigos de ética, de educação e respeito. E o convite do Krenak é um convite a nos reeducarmos. E essa reeducação a por nós reconhecermos a presença dos povos originários, valorizar seus biomas, suas culturas, suas línguas…”.
E enfatiza: “O prêmio valoriza o convite do Ailton Krenak, que se abre ao mundo, ao planeta, ainda mais neste momento de crise climática, como a gente tem observado, não somente no Rio Grande do Sul, mas também os tornados aqui [ele mora na Flórida, EUA] e outras destruições que vão continuar acontecendo”.
“Este convite é, então, um alerta, uma chamada de atenção pra nós. O prêmio Ecoador chama nossa atenção outra vez: “Gente, sejamos vozes da floresta!” [como diz o título do prêmio].
“Sua importância é reconhecer que o filme dá voz a esses povos, que estão tendo protagonismo e que a gente deve se unir e compreender que a luta é coletiva, a luta não é individual. Sempre digo que a luta é coletiva e fora dela não há nada!”.
E Colón conclui: “O que esse prêmio traduz é um gozo de ver as vozes dos povos – da Katia, do Pepe, do Emanuel, do Krenak – serem ecoadas aos quatro ventos, aos quatro cantos da Terra, com este convite, que nos ajude a repensar a política de destruição, predatória, de “comer o mundo”, como o próprio Krenak diz. E que possamos (re)calibrar nosso olhar, aprendendo novamente com esses povos a pisar suavemente na terra”.

Em 13 de junho, Pisar Suavemente na Terra será exibido em cerimônia de gala do XI Encontro Internacional do Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), que este ano acontece na Bolívia.
E ainda este ano, o documentário vai ampliar sua visibilidade ao ser incluído em uma plataforma de streaming, que ainda não pode ser revelada.
Relatos de resistência
A obra de Marcos Colón apresenta três histórias interligadas pela consciência e voz de Ailton Krenak, que nos convida a refletir sobre nossos modos de vida como seres humanos que, há tempos, parecem insistir em estar na Terra “comendo o mundo” em que vivem.
Estes relatos de resistência nos apresentam outras formas de existir e de caminhar no mundo.

A cacique Katia, do povo Akrãntikatêgê, de Marabá (PA), luta para manter sua cultura em um território devastado pela mineradora Vale.
O cacique Manuel do povo Munduruku, que vive no oeste do Pará, conta sobre seu território sitiado pela expansão da monocultura da soja e sua exportação, intensificada pelos interesses agroindustriais da Cargill.
E José Pepe Manuyama, do povo Kukama da Amazônia peruana, enfrenta a poluição do rio Nanay pela mineração e pelo petróleo.
A seguir, assista ao trailer:
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Foto (destaque): Marcos Colón
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