
Na manhã deste sábado (26/04), mais de 250 mil pessoas e 50 líderes mundiais participaram da cerimônia de sepultamento do Papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano. Mas foram aqueles por quem ele mais lutou que deram o último adeus ao pontífice. Cerca de 40 pessoas – entre eles pobres, migrantes, detentos, pessoas transgêneros e moradores de rua – se reuniram na escadaria da Basílica de Santa Maria Maggiore, para prestar as últimas homenagens.
“Os pobres ocupam um lugar privilegiado no coração de Deus e, portanto, também no coração e nos ensinamentos do Santo Padre, que escolheu o nome Francisco para nunca esquecê-los”, afirmou um comunicado da Santa Sé.
Dom Benoni Ambarus, secretário da Comissão para as Migrações da Conferência Episcopal Italiana e delegado para as iniciativas caritativas, esteve ao lado de Francisco em dezembro, durante um dos momentos mais emblemáticos de seu pontificado, a abertura da Porta Santa da prisão de Rebibbia, em Roma. “Considero esta escolha muito comovente, porque o Papa Francisco está sendo recebido pela Mãe que tanto amou e por seus filhos prediletos, que o cercarão nesta última jornada. Acho que é algo verdadeiramente belo”, afirmou.
Segundo o comunicado da Santa Fé, quase todos migrantes e pobres selecionados para participar desse momento tão especial se encontraram com o papa enquanto ele ainda estava vivo. Não por acaso, Francisco escolheu a ilha da Lampedusa, lugar de desembarque de imigrantes no Mediterrâneo, como o destino de sua primeira viagem oficial.
Ambarus relembrou ainda que durante a pandemia da covid-19, Francisco criou o Fundo Jesus Divino Trabalhador, com financiamento de 1 milhão de euros para a Diocese de Roma, para ajudar desempregados, trabalhadores sem documentos, pessoas em empregos precários e com dificuldades para pagar contas, comprar comida ou ter o a cuidados de saúde. “O Papa também nos doou 1 milhão de euros para reformar a antiga casa do clero e transformá-la em apartamentos para famílias pobres. Mas não foi apenas em Roma — todo o pontificado do Papa Francisco está repleto de contribuições em todo o mundo”, sem mencionar as “grandes reformas na istração dos bens da Igreja em benefício dos mais vulneráveis”, ressaltou.
Em 2020, o papa transformou o Palazzo Migliori em um albergue para pessoas sem teto. O palácio, construído no século XIX, foi a residência da família Migliori até meados de 1930. Depois disso, o local foi doado para a Igreja Católica, que o transformou em uma casa para mães solteiras, relocada para outro lugar há cinco anos. Após ar por uma grande reforma, uma das intenções era abrir ali um hotel de luxo para que cardeais e outros religiosos que estivessem em Roma pudessem ser acomodados.
Entretanto, o Francisco decidiu que o prédio de quatro andares teria um propósito melhor e mais nobre: seria um albergue para pessoas sem teto. Batizado de “Palácio do Pobres”, oferece comida, lazer e moradia para aqueles que estão ando por dificuldades financeiras, além de biblioteca e aconselhamento psicológico.
“Como eu gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres!”, disse Jorge Mario Bergoglio, em 2013, no início de seu pontificado, o primeiro de um papa latino-americano e que escolheu como nome Francisco, inspirado pela humildade de São Francisco de Assis.
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Foto de abertura: Vatican News