
Nos espaços para brincar ao ar livre, por aí – praças, parques, áreas de lazer de condomínios… – observamos que, em geral, as crianças brincam e os adultos ficam “de fora”, observando. Ou pior: ficam conversando com outros adultos ou focados no celular. Só quando a criança chama a atenção dos pais (ou de quem a está acompanhando) para algo que conseguiu fazer é que o adulto participa.
Na maioria das vezes, o adulto não brinca, não está junto. Só está ali perto por segurança. Por isso que, quando a situação é diferente, nos chama muito a atenção. Como no caso do pai que sempre acompanha a filha nas oficinas que promovemos para que todos brinquem com a natureza.
Eles sempre chegam juntos para brincar. Chegavam à oficina de mãos dadas, ouvem com atenção o convite e brincam muito. Ocupam-se o tempo todo de experimentar, fazer, cuidar. Eles estão sempre atentos aos nossos encontros. Eles sempre estiveram presentes.
O pai nunca veio trazer a filha pra brincar com a gente. Os dois sempre vieram para brincar juntos. Filha veio brincar. Pai veio brincar.
Enquanto tem quem chegue e sente em um canto e se contente em observar, enquanto alguns filhos brincam e seus pais focam o olhar nas telas dos celulares, este pai, não deixa por menos! Brinca com a filha, conversa, cria histórias com ela. Juntos, observando o entorno em busca de elementos para compor e enriquecer a brincadeira. São parceiros e cúmplices desses momentos. E isso faz uma diferença tremenda, pra todos! Pra nós, educadores, para eles, como pai e filha, e para quem repara nessa relação linda.
E aí a gente fica se perguntando…
Por que foi tirado o direito do adulto ao brincar livre? Por que essa atividade tão essencial para o desenvolvimento humano foi descartada na idade adulta, como se já não mais fosse necessária, como se não tivéssemos mais condições de participar? Por que a interação tão preciosa entre adultos e crianças foi eliminada do cotidiano das famílias?
Brincar junto é uma forma de estar verdadeiramente junto, de coexistir, com interesse, afeto e liberdade. Estar junto é uma escolha política. Brincar junto é um ato revolucionário.
Brincar junto tem a força necessária para transformar o mundo em que vivemos, em que o controle encontra caminho para se transformar em participação, em que a desconexão flui na direção da expressão do afeto e é uma experiência de reconhecimento de que pertencemos todos a uma grande família comum.
Foto: Renata Stort
Brincar é uma necessidade intrínseca do ser humano, faz parte do viver, do crescer, do interagir, do expandir. Como educadora também noto muito a diferença dos pais que brincam e das crianças que recebem essa nutrição parental de presença e afeto. São famílias que se conectam e que fortalecem seus vínculos no amor. Belo texto, e em boa hora! Quem sabe mais pais despertem para viver a vida de verdade, brincando, se conectando e valorizando o que é essencial na vida, o amor! Paz e luz queridas!
Gostaria de saber de qual cidade Rita e Ana são, pois desejo conversar sobre palestras. Sou de Brasília. Obrigada!
[email protected]
Camila,
Rita e Ana Carol são de São Paulo.
Abraço,
Suzana
Que linda a proposta de vocês. As questões “Por que foi tirado o direito do adulto ao brincar livre? Por que essa atividade tão essencial para o desenvolvimento humano foi descartada na idade adulta, como se já não mais fosse necessária, como se não tivéssemos mais condições de participar? Por que a interação tão preciosa entre adultos e crianças foi eliminada do cotidiano das famílias?” são bastante inspiradoras para nós educadores refletirmos.
Precisamos resgatar as brincadeiras e os jogos para nos reconectarmos/convivermos mais uns com os outros no fazer juntos, no refletir conjuntamente e quiça, desta maneira, tão ancestral, transformar nossos comportamentos condicionados pelas especializações e padrões condicionados pelo sistema, com vistas a um mundo melhor, mais culturalmente sensível. Mais humano e brincante. De novo.
Encantada com todas as propostas pensadas e imaginadas.Vou seguir aqui, brincante…
Sabendo que existem por aí, mais outras centenas de adultos sonhadores.
Digo mais: adultos deveriam criar o hábito de se reunir uns com outros pra brincar,seja de Pique esconde,jogar bolinha de gude,ou jogos de tabuleiro,o que for, independente de estarem acompanhados de crianças . Se adultos brincassem ao menos uma vez ao mês,não teríamos tantos males advindos do estresse. Não sei qual o doido q inventou q adultos não podem brincar.