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Governo Trump dispensa 400 cientistas, autores do mais importante relatório sobre mudanças climáticas dos EUA

Trump dispensa 400 cientistas, autores do mais importante relatório sobre mudanças climáticas dos EUA

Na última segunda-feira (28/04), cerca de 400 cientistas e pesquisadores que seriam os autores do próximo National Climate Assessment, um relatório elaborado a cada quatro anos, sobre os efeitos das mudanças climáticas nos Estados Unidos, receberam um e-mail informando que eles estavam dispensados do trabalho. “Agradecemos a sua participação na 6ª Avaliação Climática Nacional… Agora estamos liberando todos os participantes atuais da avaliação de suas funções”, dizia a mensagem, enviada pelo U.S. Global Change Research Program, departamento federal que coordena a publicação. O texto dizia ainda que o “escopo” da avaliação estava sendo “reavaliado” pelo governo de Donald Trump.

A produção do mais importante e detalhado relatório sobre mudanças climáticas do país foi determinada, por lei, pelo Congresso, em 1990. A sexta edição deveria ser publicada em 2027. Com suas informações e recomendações, governos municipais, estaduais e o federal baseiam suas decisões e alocam recursos e orçamento para determinadas áreas. Empresas e corporações privadas também fazem uso dos dados e projeções para traçar estratégias para seus negócios.

Muitos dos autores do estudo eram voluntários e já tinham começado a trabalhar. Não eram empregados da istração federal e incluíam não apenas pesquisadores científicos, mas também economistas, líderes indígenas e especialistas de outras áreas. Agora não se sabe quem estará envolvido na elaboração do relatório e caso seja publicado, o que o Congresso estabelece como obrigatório -, se o conteúdo será confiável.

“O governo Trump dispensou todos os cientistas do trabalho no relatório mais importante do país sobre mudanças climáticas”, comentou Steven Hamburg, cientista-chefe do Fundo de Defesa Ambiental, em um comunicado. “Recusar-se a estudar as mudanças climáticas não as fará desaparecer – nem nos ajudará a lidar com tempestades mais fortes, secas, inundações, incêndios florestais e temperaturas mais altas, nem nos ajudará a parar de emitir a poluição que as está agravando.”

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O temor sobre a publicação ou não do relatório fica ainda maior porque atualmente o site do U.S. Global Change Research Program, onde ocorreram várias demissões recentemente, exibe um alerta de que “as operações e a estrutura do USGCRP estão sob revisão.”

Segundo uma reportagem do jornal The Guardian divulgada nesta quinta-feira (01/05), desde que assumiu a Casa Branca, Trump “lançou um ataque sem precedentes ao meio ambiente, instigando 145 ações para desfazer regras que protegem o ar limpo, a água e um clima habitável nos primeiros 100 dias desta istração – mais reversões do que as concluídas em todo o seu primeiro mandato como presidente dos EUA”.

Infelizmente, as ações de Trump já eram esperadas. Logo nas primeiras horas após a posse, ele assinou um decreto determinando a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, exatamente como fez em seu mandato anterior. Ele também proibiu a participação de pesquisadores ligados ao governo no Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão científico da ONU. No final de fevereiro, ordenou a demissão em massa de cientistas da NOAA, um dos principais institutos de pesquisa do clima do mundo.

Além disso, todos os sites do governo federal tiveram removidos conteúdos relacionados ao clima, aquecimento global e adaptação climática.

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Foto de abertura: Molly Riley/divulgação Casa Branca/Fotos Públicas

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