
Os gorilas-das-montanhas sempre foram um símbolo da África e mais recentemente, se tornaram um exemplo de como o trabalho de conservação, feito através de parcerias entre governos e organizações da sociedade civil, pode garantir a sobrevivência de espécies no planeta.
Há algumas décadas, a população dos gorilas-das-montanhas (Gorilla beringei beringei) chegou a ter apenas 680 indivíduos, mas atualmente hoje eles am dos 1 mil. Graças a essa melhora, em 2018, como mostramos nesta outra reportagem, o primata deixou de ser classificado como “criticamente em perigo em extinção” e é tido como “em perigo”, de acordo com a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que avalia as condições de sobrevivência de centenas de animais e plantas no mundo.
O Gorilla beringei beringei é uma subespécie dos gorilas orientais, descrita pela primeira vez em 1902. Ele habitat uma área protegida de aproximadamente 792km2 em regiões do Congo, Ruanda e Uganda. Neste último, ela pode ser encontrada no Bwindi Impenetrable National Park, onde vive 50% de sua população global.
E nos últimos meses, a equipe do parque contabilizou um número surpreendente de nascimento de filhotes de gorilas-das-montanhas. De acordo com o Uganda Wildlife Authority, sete filhotinhos nasceram até o dia 2 de setembro, enquanto no ano inteiro de 2019, foi registrado o nascimento de apenas dois. Cinco dos novos habitantes da floresta chegaram em um período curtíssimo: seis semanas.
Assim como para os seres humanos, a gestação dos gorilas tem a duração de nove meses.
“O nascimento de novos gorilas-das-montanhas é um testemunho dos esforços bem sucedidos de conservação de Uganda”, celebrou Sam Mwandha, diretor executivo da Uganda Wildlife Authority, em um comunicado. “Com o aumento da integridade das áreas protegidas, houve um aumento geral nas populações de vida selvagem em Uganda”.

Um dos pequenos gorilas nascido nos últimos dias
Os gorilas-das-montanhas
Vivendo em montanhas altas, com altitude entre 2,5 e 4 mil metros, os gorilas-das-montanhas têm um pelo mais grosso, que os ajuda a sobreviverem ao frio, muitas vezes abaixo de zero, nesses locais.
Esses primatas medem cerca de 1.65 metros e chegam a pesar 160 kg. Costumam viver em grupos, com muitas fêmeas, filhotes e um macho dominante, que tem uma pelagem cinza nas costas e nos quadrinhos, por isso, são chamados em inglês de “silverback”.
Além da grande população da espécie no Bwindi Impenetrable National Park, os gorilas-das-montanhas podem ser vistos em maior número no Virunga National Park, na República Democrática do Congo.
Entre as principais ameaças aos gorilas estão a perda de habitat, provocada pelo desmatamento e pela expansão das atividades humanas, a caça ilegal e a transmissão de doenças pelos seres humanos.

A importância dos primatas no planeta
Os primatas são os parentes biológicos mais próximos do homem. Gorilas, orangotangos e macacos compartilham 98% do DNA humano, por isso, são tão importantes para o entendimento da evolução de nossa espécie na Terra. E são também fundamentais para a biodiversidade do planeta.
Esses animais ajudam a dispersar sementes e, assim, recuperar florestas e matas. Estudos mostram que muitos primatas foram identificados ainda como polinizadores, já que algumas espécies se alimentam de flores e néctar. São ainda importantes indicadores da saúde do ecossistema onde vivem.
Em 2017, um estudo científico apontava que 300 espécies de primatas estavam à beira da extinção.
*Com informações adicionais da CNN Travel e WWF
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Fotos: divulgação
Se humanos ficarem longe deles, serão capazes de nascer, crescer e viver sem medo de ser feliz. Se respeitarmos o distanciamento social ficando a anos luz dos animais, por tempo indeterminado e, quiçá, para sempre, eles serão capazes de descobrir que valem quanto pesam, muito mais do que valemos nós.