Há poucos dias a Academia de Ciências da Califórnia divulgou uma lista das 146 espécies de plantas e animais descobertas nos últimos doze meses. São achados importantes que nos ajudam a entender mais e saber como proteger a biodiversidade do planeta. Entre as novas espécies descritas pelos pesquisadores e colaboradores da instituição americana está uma linda e delicada flor dos campos rupestres do Brasil.
A descoberta foi feita durante expedições de campo no Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia. A região é conhecida pelas temperaturas extremas, ventos fortes e solos deficientes em nutrientes. Apesar de parecer uma paisagem aparentemente árida, com suas montanhas e arbustos entre as rochas, ela possui uma rica diversidade de espécies que se adaptaram a este ambiente único, resultando em uma riqueza de vida vegetal que não é encontrada em nenhum outro lugar da Terra.
Na verdade, não foi apenas uma espécie de flor dos campos rupestres que foi descrita em 2022, mas nove no total: Marcetia auricularia, Marcetia santosiae, Marcetia unguiculata, Microlicia ascendens, Microlicia barbata, Microlicia daneui, Microlicia piatensis, Microlicia tetramera e Microlicia prostrata, esta última, na imagem que abre este post.
O trabalho de coleta e análise das novas plantas foi feito por Frank Almeda, curador de Botânica da Acadêmia de Ciências da Califórnia, e o pesquisador brasileiro Ricardo Pacífico, uma especialista em plantas de campos rupestres.
A Microlicia prostrata, um arbusto de flores amarelas, foi encontrada em um pico remoto que nunca havia sido explorado por botânicos antes. “Os arbustos no cume tinham menos de meio metro de altura”, contou Pacífico. “Foi como caminhar por um jardim”.
Todas as espécies recém-descobertas são endêmicas do Brasil, ou seja, só existem naquela região e em nenhum outro lugar do mundo. E embora tenham sido localizadas dentro de áreas de proteção, há um temor de que as mudanças climáticas possam impactar sua sobrevivência.
“À medida que as temperaturas globais continuam a aumentar, as populações de plantas – especialmente aquelas que se adaptaram a faixas de temperatura estreitas – são forçadas a migrar para regiões mais frias em altitudes mais elevadas. Mas para plantas que adoram picos como M. prostrata, não há mais para onde ir”, alerta o texto da academia da Califórnia.
Dentre as espécies que aparecem na retrospectiva da instituição está ainda um lindo e coloridíssimo peixe das Maldivas e quem o descobriu foi outro brasileiro, o cientista e mergulhador Luiz Rocha (leia mais aqui).
O pequeno peixinho, que parece um arco-íris, com cores vibrantes de rosa, lilás e azul
(Foto: ©Yi-Kai Tea/Academia de Ciências da Califórnia)
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Foto de abertura: © Ricardo Pacifico